Como Banco Master, Tanure e Borlenghi se uniram para elevar preço das ações da Ambipar em 800%
Relatório da CVM aponta esquema de favorecimento entre empresários e instituições financeiras em operação que elevou as ações da Ambipar. Autoridades discutem oferta pública de ações devido à coordenação nas aquisições envolvendo Tércio Borlenghi, Nelson Tanure e o Banco Master.
Compra maciça de ações da Ambipar por fundos da Trustee DTVM, especialmente o Esna FIP, ligada a Nelson Tanure, provocou alta de 863% entre junho e agosto do ano passado. Relatório da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) aponta que foi “uma troca de favores” entre Tércio Borlenghi Júnior, Tanure e o Banco Master.
Duas diretores da CVM, João Pedro do Nascimento e Marina Copola, estão a favor de uma oferta pública de ações (OPA) da Ambipar, com prazo de 30 dias para protocolo. Eles destacam que a obrigação recai sobre Borlenghi, não a corretora.
A votação ocorreu em reunião suspensa após pedido de vista de Otto Lobo. A Área Técnica vinculou os agentes pelo conceito de “atuação em conjunto” e destacou a coordenação entre eles.
Com a aquisição, a Trustee aumentou sua participação de 6,6% para 15,03% em apenas dois meses. Em resposta, Borlenghi subiu sua participação de 66,7% para 73,48%. A valorização aumentou o valor de mercado da Ambipar para cerca de R$ 27 bilhões.
O esquema visava garantir a compra da estatal Emae e valorização do patrimônio de Borlenghi sem que ele superasse o limite de 1/3 de participação. A operação pode atingir R$ 4,5 bilhões com base no fechamento das ações.
Os vínculos entre Borlenghi, Trustee, Banco Master e Tanure são considerados “comerciais estreitos”, segundo Copola. Em junho de 2024, anunciou-se um programa de recompra de 20,8 milhões de ações e a utilização de ações em tesouraria para quitar obrigações.
A OPA foi determinada pela CVM em março, mas recuos da Trustee e da Ambipar seguem sendo discutidos. A nova data para a sessão ser retomada ainda não foi divulgada.