Como diários falsos de Hitler enganaram a imprensa britânica
A revelação dos diários de Adolf Hitler, que prometiam reescrever a história, rapidamente se transformou em um dos maiores escândalos jornalísticos do século XX. A farsa, orquestrada por um falsificador habilidoso, levou à queda de reputações e a uma reflexão profunda sobre os limites da credibilidade na imprensa.
25 de abril de 1983: A revista alemã Stern anunciou uma descoberta considerada um grande furo jornalístico: os diários pessoais de Adolf Hitler, cobrindo de 1932 a 1945.
Após a compra dos manuscritos, o editor da Stern, Peter Wickman, reverberou a autenticidade dos diários em uma coletiva de imprensa. Especialistas, incluindo o historiador Hugh Trevor-Roper, validaram a autenticidade com base em grafologia e documentos comparativos.
Conteúdo dos diários: Detalhes sobre a vida privada de Hitler, incluindo anedotas pessoais, a dinâmica com sua namorada Eva Braun e até menções ao Holocausto.
Gerd Heidemann, jornalista da Stern, foi quem trouxe os diários à fumaça pública após negócios com antigos nazistas. A revista pagou cerca de 9,3 milhões de marcos alemães pelos diários, armazenados em segurança na Suíça.
Surgem dúvidas: Apesar do entusiasmo inicial, críticas começaram a surgir após a publicação. Trevor-Roper, uma das vozes que confirmara a autenticidade, começou a repensar sua posição.
A farsa exposta: Duas semanas depois, análises forenses revelaram que os diários eram falsos, com detalhes anacrônicos e materiais que datavam do pós-guerra. O falsificador Konrad Kujau foi identificado como o autor dos documentos.
Consequências: O escândalo culminou na queda de reputação de muitos envolvidos, incluindo Trevor-Roper e editores da Stern. Em contrapartida, a circulação do The Sunday Times aumentou significativamente.
Após o caso, ambos, Heidemann e Kujau, foram condenados por fraude. A decisão precipitada de Murdoch em publicar a matéria se tornou uma das grandes polêmicas da ética jornalística.