Como golpe no Irã planejado por EUA e Reino Unido nos anos 1950 está na raiz do conflito atual
Discurso sobre mudança de regime no Irã ganha força em Washington após ataques dos EUA. Especialistas alertam para riscos de instabilidade e consequências imprevisíveis em uma possível transição de governo.
Após o primeiro ataque dos EUA ao Irã desde 1979, o discurso sobre a mudança de regime em Teerã ganhou força em Washington.
O presidente Donald Trump sugeriu a ideia nas redes sociais, enquanto a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, instou a população iraniana a se levantar contra suas lideranças se uma solução diplomática não for alcançada.
Embora Trump promova a mudança de regime, a maioria de seu gabinete evita o termo, devido aos fracassos estratégicos de intervenções militares anteriores.
Nos anos 1950, a CIA e o Reino Unido orquestraram a queda do líder democraticamente eleito Mohammad Mossadegh, que nacionalizou a indústria petrolífera e enfrentou a oposição britânica e americana.
O clima de instabilidade levou ao golpe de 1953, apoiado pela CIA, resultando na ascensão do xá Mohammad Reza Pahlevi, e à repressão severa de sua polícia, a Savak.
A revolução de 1979 derrubou o xá, colocando no poder um regime antiamericano, que instigou radicais na região e culminou na invasão do Irã por Saddam Hussein.
As chamadas atuais para mudança de regime levantam dúvidas sobre o futuro do Irã, podendo gerar um governo ainda mais radical e uma corrida armamentista nuclear.
Exemplos de intervenções anteriores demonstram que a influência dos EUA muitas vezes resulta em consequências inesperadas, ao invés da prometida democracia.