Como idosos viraram um dos grupos mais afetados por políticas de Milei na Argentina: 'Maioria está abaixo da linha da pobreza'
Protestos de aposentados na Argentina crescem em intensidade e violência, enquanto os beneficiários enfrentam uma crescente crise econômica. O governo de Javier Milei é alvo de críticas por medidas que agravam a situação financeira dos idosos, levando à mobilização em massa.
Aposentados argentinos realizam protestos todas as quartas-feiras em Buenos Aires contra a perda de poder aquisitivo e exigem aumento nos benefícios.
Gabriela Navarra, de 66 anos, foi ferida durante uma das marchas, que em março resultou em mais de 100 detidos e cerca de 50 feridos.
Com mais de 7 milhões de aposentados no país, a situação de Navarra é vista como melhor em comparação a outros, pois seu histórico profissional lhe garantiu uma aposentadoria acima do mínimo de 343 mil pesos (menos de US$ 300).
No entanto, após a posse do presidente Javier Milei, sua situação se deteriorou. Aumento de 100% em seu seguro-saúde e perda de fontes de trabalho impactaram sua renda.
Como resultado, Navarra precisou vender seu carro e restringir seu consumo. Ela observa que dois terços dos aposentados vivem com o valor mínimo, o que os coloca na linha da pobreza.
Dados do Indec revelam que a pobreza entre idosos quase dobrou desde que Milei assumiu, atingindo 29,7% no primeiro semestre. Além disso, o aumento dos preços dos medicamentos e serviços públicos complicou ainda mais a situação.
O governo defende que o sistema previdenciário é "insustentável" e não prorrogou a moratória que permite aposentadorias a quem não contribuiu o tempo necessário.
Historicamente, protestos de aposentados em Buenos Aires remontam à **década de 1990**. O ressurgimento das marchas foi impulsionado pelas severas políticas de austeridade de Milei.
Recentemente, torcedores de futebol uniram-se aos protestos, gerando maior participação popular, mas também resultando em violência e confrontos com a polícia. Navarra, após sua experiência traumática, afirma que não participará mais dos protestos, mas dita a importância da luta coletiva.
Frase de impacto: "Isso é como aquele poema atribuído a Bertolt Brecht... é um jogo de dominó. Quem não foi atingido até agora pode ter a sua vez amanhã."