Como idosos viraram um dos grupos mais afetados por políticas de Milei na Argentina: 'Maioria está abaixo da linha da pobreza'
Gabriela Navarra, aposentada de 66 anos, se torna um símbolo dos protestos que exigem aumento nas aposentadorias na Argentina após sofrer ferimentos durante uma manifestação. A crise econômica e as políticas do governo Milei intensificam os desafios enfrentados pelos aposentados, com muitos vivendo à beira da pobreza.
Gabriela Navarra, de 66 anos, participou da marcha dos aposentados, protesto em frente ao Congresso argentino por aumento de benefícios. Ela sofreu ferimentos a bala de borracha nas pernas e declarou que não voltará a participar, embora continue apoiando os protestos.
Com mais de 7 milhões de aposentados na Argentina, Gabriela reconhece que sua situação é melhor que a de muitos, já que sua aposentadoria é acima do mínimo. No entanto, após a posse do presidente Javier Milei, enfrentou problemas financeiros, como perda de serviços e aumento do seguro-saúde, forçando-a a vender seu carro.
A aposentadoria dela teve aumentos, mas inferiores à inflação de 120% em 2024. Apesar de sua situação, afirma que a maioria dos aposentados vive em pobreza, recebendo o valor mínimo de 343 mil pesos (menos de US$ 300).
Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, a pobreza entre idosos dobrou desde a posse de Milei, passando de 17,6% para 29,7%. Além disso, os preços dos medicamentos aumentaram 240% em 2024, e o programa de assistência médica dos aposentados reduziu o acesso a medicamentos gratuitos.
O governo considera o sistema previdenciário "insustentável" e não prorrogará a moratória que concede aposentadorias a quem não completou o tempo de contribuição. Navarra critica a política do governo, que, segundo ela, é “cruel com os vulneráveis”.
As marchas dos aposentados ressurgiram com a gestão de Milei devido à redução de gastos públicos, e, após um incidente violento em fevereiro, os torcedores de futebol se uniram ao protesto. Na manifestação mais recente, ocorrida em 12 de março, a polícia usou força excessiva para dispersar os manifestantes, resultando em diversos feridos, inclusive Navarra.
Ela não retornará às marchas, mas acredita que a participação de mais pessoas é positiva para a luta. Gabriela encerra citando uma reflexão sobre a importância de se manifestar e o risco de se silenciar frente às injustiças: “Este é um jogo de dominó. Quem não foi atingido até agora pode ter sua vez amanhã.”