Como ler transforma o cérebro
Pesquisadora alerta para os riscos da leitura superficial na era digital e como isso afeta o desenvolvimento cerebral. Maryanne Wolf defende a importância da leitura profunda para o aprendizado e o pensamento crítico.
Leitura: Impacto no Cérebro e a Crise de Leitura
Maryanne Wolf, cientista cognitiva, destaca a importância da leitura na transformação do cérebro humano. Segundo ela, a habilidade de leitura profunda está em risco devido aos hábitos digitais modernos.
Wolf explica que a leitura não é uma habilidade inata; ela foi desenvolvida ao longo dos milênios. O processo de leitura começou por volta de 3300 a.C. com os sumérios e exigiu uma reestruturação do cérebro, que agora associa símbolos a conceitos.
Entre os impactos da leitura, destacam-se:
- A 'invenção' da leitura: A leitura exige circuitos cognitivos específicos que não estão presentes ao nascer.
- Idiomas e o cérebro: Diferentes idiomas, como o chinês, ativam áreas distintas do cérebro, refletindo suas características únicas.
- Repertório desde a infância: O contato precoce com livros e histórias é crucial para o desenvolvimento emocional e acadêmico das crianças.
- Capacidade de leitura profunda: Há uma preocupação crescente com a perda dessa habilidade devido à leitura superficial em telas.
A crise de leitura é especialmente preocupante, pois limita a compreensão de textos complexos e a análise crítica. Wolf alerta que o uso excessivo de dispositivos digitais prejudica a leitura de lazer e a capacidade de mergulho em textos.
Além disso, crianças com dislexia enfrentam desafios significativos na aprendizagem da leitura. A dislexia, que afeta de 4% a 10% da população, é mal compreendida e muitas vezes tratada de forma inadequada nas escolas. Wolf defende um entendimento mais profundo e estratégias eficazes para apoiar essas crianças.
Para Wolf, o antídoto para a crise de leitura é incentivar uma cultura de leitura em casa e na escola, onde pais e educadores sirvam de modelos leitores.