Como o tarifaço de Trump desarticula a cadeia de produção das multinacionais presentes no Brasil
Voith Hydro enfrenta desafios devido ao tarifaço de Trump, que afeta sua operação e fluxo de caixa no Brasil. A empresa destaca a importância de exportações para os EUA e a necessidade de negociações para mitigar impactos negativos.
Voith Hydro, fabricante alemã, teve um papel crucial na geração de energia no Brasil na década de 70, fornecendo equipamentos para a Itaipu e outras usinas ao redor do mundo.
Apesar de sua importância, a operação brasileira enfrenta desafios devido ao tarifaço de 50% imposto por Donald Trump, o que prejudicou a estrutura multinacional da empresa. O presidente da Voith Hydro América Latina, Hans Poll, destaca que a unidade americana possui especialização diferente e complementa a produção brasileira.
Os clientes dos EUA preferem equipamentos feitos no Brasil, mas a tarifa elevada pode cancelar futuros pedidos. Maria Cristina Zanella, da Abimaq, afirma que muitas exportações brasileiras ocorrem entre grupos industriais. Lucas Ferraz, da FGV, alerta que as tarifas dos EUA podem prejudicar não apenas o Brasil, mas todo o arranjo produtivo global.
A Voith Hydro, que fatura R$ 1,2 bilhão no Brasil, depende entre 20% e 30% de receitas dos EUA. O pacote de incentivos do governo Biden triplicou as encomendas americanas, mas a tarifa em vigor complica a situação. O impacto nos contratos e no fluxo de caixa é significativo, pois as exportações aos EUA ajudam a equilibrar a produção.
Poll indica que, no momento, não há demissões previstas, mas cortes podem ocorrer se os pedidos forem interrompidos. O pacote de auxílio do governo brasileiro teve pouco impacto nas multinacionais, que dependem de lucros locais para manter operações. Poll sugere que a inclusão do Brasil no Trade American Act poderia facilitar negócios com os EUA.
Se a situação persistir, há possibilidade de a Voith defender sua produção no Brasil com a matriz. Atualmente, a operação não é crítica, mas o futuro é incerto.