Como prisão de brasileira nos EUA revelou que ICE monitora secretamente mensagens da polícia
Caroline, estudante de enfermagem, foi detida pelo ICE após uma abordagem policial que levantou questões sobre a colaboração entre a polícia local e as autoridades de imigração. A investigação interna do Gabinete do Xerife do Condado de Mesa busca esclarecer possíveis violações da legislação estadual durante o ocorrido.
Caroline foi solta sob fiança nesta quarta-feira (18). A estudante de enfermagem agora deve responder ao caso em Salt Lake City, Utah.
O monitoramento do ICE sobre a comunicação da polícia foi revelado pelo Gabinete do Xerife do Condado de Mesa, Colorado. O investigador Alexander Zwinck compartilhou informações de Caroline em um grupo de tecnologia usado para combater o tráfico de drogas.
O Gabinete do Xerife afirmou não saber que o grupo era usado para questões imigratórias e removeu todos os seus agentes da comunicação.
Caroline foi detida pelo ICE em 5 de outubro, após ser parada por uma infração de trânsito enquanto dirigia o carro do pai. Ela passou quase duas semanas presa em um centro de detenção em Aurora.
O caso levantou dúvidas sobre a colaboração entre a polícia local e o ICE, o que é ilegal segundo a legislação do Colorado. O advogado de Caroline, Jonathan M. Hyman, questiona se a conduta da polícia violou a lei.
A legislação local proíbe a investigação de status migratório durante abordagens. Hyman afirmou que a situação gera preocupações sobre o uso indevido de informações pelo ICE.
O Gabinete do Xerife está conduzindo uma investigação interna para garantir conformidade com a legislação, enquanto divulga a filmagem da abordagem realizada por Zwinck, que ocorreu por cerca de 20 minutos.
A prisão de Caroline acontece em um contexto de endurecimento das políticas de imigração nos EUA. Durante a administração Trump, muitos imigrantes sem antecedentes criminais, como Caroline, foram detidos.
Caroline chegou aos EUA aos 7 anos, após sua família ter fugido de violência no Brasil. Atualmente, a família aguarda uma decisão sobre um pedido de asilo.
Após a detenção, amigas de Caroline organizaram uma coleta de doações para a família, enquanto a TheDream.US lançou um abaixo-assinado que já reuniu quase 7.000 assinaturas.
Gaby Pacheco, CEO da TheDream.US, destacou a gravidade da situação vivida por Caroline, afirmando que nunca viu algo tão cruel nas duas décadas de trabalho com imigração.