Como surgiram os cardeais, que decidirão o futuro do comando da Igreja Católica
A trajetória histórica do cardeal, do título de honra aos conselheiros papais. A evolução do papel e da escolha dos cardeais reflete mudanças na Igreja Católica ao longo dos séculos.
Glenn D. Kittler, jornalista e escritor, relata que os primeiros cristãos em Roma, no século I, organizavam-se em clandestinidade devido à perseguição. Para navegar na cidade, contavam com homens-dobradiças, que conheciam quem ajudar e quem não confiar.
Essa habilidade desses homens originou o apodo, ligado ao termo “cardo”, que significa dobradiça em latim. Assim, os cardeais foram se fortalecendo, assumindo um papel central na Igreja Católica ao longo dos séculos.
Hoje, cardeais são considerados centro na administração da Igreja, embora sua posição e função tenham evoluído desde títulos honorários no Império Romano. Inicialmente, eram sacerdotes de igrejas paroquiais e não possuíam o poder decisório contemporâneo.
A criação do colégio cardinalício consolidou sua importância na eleição papal. O primeiro regulamento para sua participação foi estabelecido no Concílio de Latrão em 769, tornando-os responsáveis pela escolha do papa a partir de 1059.
Os cardeais também atuavam como conselheiros do papa e administradores da Igreja, mantendo diálogo entre a Sé de Roma e suas dioceses. No entanto, até o século 19, o cardinalato era dominado por nobres europeus.
O primeiro cardeal brasileiro foi Joaquim Arcoverde Cavalcanti, em 1905. O conclave para eleger papas já enfrentou longas deliberações, como o de 1268 a 1271. As normas atuais para o conclave estabelecem prazos e regras como a limitação etária de 80 anos para os votantes.
Atualmente, a diversidade do colégio cardinalício é notável, com representantes de 46 países, refletindo uma diminuição da predominância europeia. Atualmente, menos de 40% dos cardeais são da Europa, enquanto a América contribui com 27% e a Ásia com 17% dos membros.