Como vai funcionar a 'polícia para imigrantes' em Portugal
Nova unidade da polícia visa intensificar o controle sobre a imigração em Portugal, após a extinção do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras. Mudanças nas regras de visto e reagrupamento familiar geram preocupação entre a comunidade brasileira.
Portugal aprovou a criação da Unidade Nacional de Estrangeiros e Fronteiras (UNEF), chamada de "polícia para imigrantes", para reforçar a fiscalização da imigração.
A UNEF, parte da Polícia de Segurança Pública (PSP), controlará a entrada e saída de imigrantes, a concessão de vistos na chegada, situações de permanência irregular e repatriação.
A unidade substitui o extinto Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) e foi aprovada com apoio da coalizão de centro-direita e do partido Chega; os partidos de esquerda se abstiveram. A lei foi promulgada pelo presidente Marcelo Rebelo de Sousa e entrará em vigor em 30 dias.
Até então, a Agenência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) cuidava da repatriação, mas a ineffectividade do modelo levou à criação da UNEF.
A unidade integra restrições já estabelecidas, incluindo a expulsão de 33.983 imigrantes que tiveram pedidos de residência negados, 5.368 dos quais brasileiros. O visto de trabalho será limitado a "profissões altamente qualificadas".
O reagrupamento familiar exigirá dois anos de residência, com exceções para filhos menores. Estrangeiros que falarem português precisarão de sete anos para solicitar nacionalidade, e os demais, 10 anos.
A comunidade brasileira, com 550.000 imigrantes em Portugal, expressa preocupação com as novas políticas, que podem impactar seus planos. Em 2023, mais de 44% das residências concedidas foram para brasileiros.
O governo brasileiro manifestou preocupação e está monitorando as mudanças, enfatizando que os portugueses no Brasil desfrutam de "status privilegiado". O embaixador Carlos Sérgio Sobral Duarte destacou a busca por garantias aos direitos dos imigrantes.
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, sugeriu que o Brasil poderia adotar medidas de reciprocidade às ações de Portugal.