Confisco da poupança por Collor: a estratégia desesperada e fracassada para combater a inflação
O Plano Collor, lançado em 1990, tentou conter a hiperinflação no Brasil com medidas drásticas, incluindo o confisco de poupanças. A estratégia, no entanto, resultou em uma profunda crise econômica e social, desestruturando a economia e gerando desconfiança generalizada.
Brasil nos anos 1990: A transição entre os anos 1980 e 1990 trouxe um desafio econômico severo: a hiperinflação, que corroía o poder de compra. Em 1990, a inflação mensal chegou a 82,39%, e o novo governo de Fernando Collor se preparava para agir.
Antes mesmo de Collor assumir, sua equipe anunciou um feriado bancário de três dias para preparar a população para o Plano Brasil Novo, conhecido como Plano Collor, que incluiu o confisco da poupança.
Confisco da Poupança: A medida limitou saques a 50 mil cruzeiros (equivalente a ~1,3 mil dólares) e bloqueou depósitos, congelando a circulação de moeda por 18 meses, com promessa de devolução em parcelas. Medidas também incluíram congelamento de preços.
Economistas como Odilon Guedes Pinto Júnior relataram a descontrolada inflação inercial de quase 1.800% em 1989. O confisco visava diminuir a liquidez monetária para conter a inflação, mas teve efeitos devastadores na economia.
Consequências: As expectativas eram de um controle da inflação, mas o plano fragilizou a economia. O PIB caiu 4,35% e a inflação voltou a dois dígitos. Muitas empresas faliram, resultando em desemprego crescente.
A classe média e baixa foram as mais afetadas, enquanto pessoas com informações prévias conseguiram retirar seus fundos. O confisco trouxe uma perda significativa de poder aquisitivo e uma lenta devolução do dinheiro confiscado.
Impacto Político: O descontentamento acelerou a queda do governo Collor, levando a um impeachment e deixando uma lição sobre a complexidade da economia brasileira.
Collor, posteriormente, pediu desculpas em 2020 pelo pacote econômico, admitindo que "errou".
Lição aprendida: A história do Plano Collor ilustra que não existem soluções fáceis para crises econômicas, sendo importante compreender a dinâmica real da economia.