Contas externas do Brasil têm rombo recorde e podem afetar câmbio em meio ao tarifaço de Trump

Contas externas do Brasil enfrentam desafios

A política protecionista do presidente dos EUA, Donald Trump, já gera preocupações sobre as contas externas do Brasil, mesmo antes de impactos diretos. No ano passado, o déficit brasileiro nas trocas internacionais alcançou o maior nível desde 1995.

Os fluxos de financiamento estrangeiro não foram suficientes, resultando em um rombo de US$ 65,4 bilhões (3,02% do PIB), praticamente igualando-se ao volume do Investimento Direto no País (IDP). Especialistas consideram a situação como preocupante, mas não alarmante.

A deterioração das contas é evidenciada pela aproximação entre o rombo em transações correntes e o IDP, tornando o câmbio mais volátil e desvalorizado. Em 2025, a projeção de déficit em conta corrente foi revisada de US$ 52,5 bilhões para US$ 62,6 bilhões (3,0% do PIB).

Contabilizando as fontes de financiamento, faltaram US$ 26,4 bilhões no último ano, o pior resultado desde 1995. A intervenção do Banco Central no mercado de câmbio em dezembro, somando US$ 32,574 bilhões, foi um reflexo do problema de financiamento externo, não a sua causa.

A taxação de Trump e a dependência de capitais voláteis aumentam os riscos. O crescimento econômico é apontado como uma causa para o aumento do déficit, com importações subindo devido ao consumo.

Apesar do cenário delicado, há expectativa de redução do déficit este ano, com previsões de US$ 50 bilhões e um IDP estimado em US$ 76 bilhões. A dívida externa é considerada compatível com as reservas internacionais e a maioria é de longo prazo.

Os especialistas concluem que, embora a volatilidade do câmbio deva aumentar, isso não indica uma crise iminente. A expectativa é de que o dólar permaneça em níveis elevados, com possibilidade de R$ 6,50.