Contas externas do Brasil têm rombo recorde e podem afetar câmbio em meio ao tarifaço de Trump
Brasil enfrenta alerta nas contas externas com déficit crescente e menor fluxo de capitais. Especialistas não veem crise iminente, mas destacam aumento da volatilidade cambial.
Alerta nas Contas Externas do Brasil
As contas externas do Brasil enfrentam um sinal de alerta, mesmo antes de impactos diretos da política de Donald Trump. Em 2022, as fontes de financiamento estrangeiro não cobriram o déficit, resultando no maior "buraco" desde 1995, conforme o pesquisador Livio Ribeiro.
A atual situação torna o país menos confortável para absorver choques externos. As tarifas de Trump podem, ainda mais, diminuir o fluxo de capitais para países emergentes. Apesar da deterioração das contas, especialistas não veem um cenário alarmante, mas esperam câmbio volátil e desvalorizado.
Em janeiro de 2023, o rombo em transações correntes foi de US$ 65,4 bilhões (3,02% do PIB), quase igual ao Investimento Direto no País (IDP), que foi de US$ 68,5 bilhões (3,16% do PIB), a diferença mais baixa desde maio de 2020.
A relação entre transações correntes e IDP avalia a “saúde” das contas externas, sendo que o IDP é um fluxo de capital mais estável. Segundo Luiza Pinese, economista da XP Investimentos, essa aproximação entre déficit e IDP é um sinal de alerta, embora existam outras opções de financiamento.
Ribeiro destacou que o resultado de 2022 foi prejudicado pela intervenção do Banco Central, que vendeu US$ 32,574 bilhões no mercado de câmbio. Ele ressalta que a realidade do financiamento externo piorou e que o fluxo para economias emergentes será desafiador.
Em 2024, o déficit em conta corrente dobrou, reflexo do forte crescimento econômico e aumento das importações. Os especialistas não consideram o cenário alarmante, projetando uma redução do déficit em 2023, com estimativas de rombo de cerca de US$ 50 bilhões.
Embora a dívida externa mantenha uma proporção saudável com as reservas internacionais, há uma expectativa de maior volatilidade cambial. Silvio Campos Neto prevê um câmbio em torno de R$ 5,80 a R$ 6,50, o que indica uma fase de ajustes e sensibilidade nas contas externas.