Contra Trump, Europa mira na Boeing em segundo pacote de retaliações

A União Europeia planeja retaliações contra as tarifas impostas por Donald Trump, mirando aviões e veículos importados dos EUA.

Com potencial de afetar até € 72 bilhões (R$ 458,9 bilhões) em comércio, uma lista extensa de produtos com 200 páginas foi divulgada após a nova tarifa de 30% sobre importações do México e da UE.

A UE já arca com 25% de tarifa sobre aço e alumínio e 10% sobre outros produtos. Um pacote inicial de contramedidas de € 21 bilhões foi adiado para estimular negociações.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, afirmou que a suspensão das contramedidas seguirá até agosto.

O principal alvo das retaliações é a Boeing, que representa € 11 bilhões (R$ 68,1 bilhões) nas transações. Outros produtos afetados incluem veículos, autopeças, químicos, farmacêuticos e o uísque bourbon.

A escolha dos produtos visa aumentar a pressão nas negociações com os EUA, levando em conta a capacidade de fornecimento alternativo. A lista também atinge empresas com risco elevado de deslocalização.

Embora necessite de aprovação dos 27 países-membros, a estratégia é usar as próximas semanas para intensificar as negociações. O clima entre líderes europeus é dividido: enquanto Emmanuel Macron pede ação imediata, Friedrich Merz defende esperar até agosto.

A Alemanha, maior exportadora da UE, já enviou 445 mil veículos para os EUA no valor de US$ 24,8 bilhões (R$ 123,3 bilhões) no último ano.

Economistas sugerem ações cirúrgicas, prevendo uma "retaliação inteligente" que atinja produtos de maior impacto nos EUA. Olivier Blanchard do Peterson Institute propõe uma ação coordenada com países como Brasil, Japão e Canadá para maximizar os efeitos das retaliações.