Copom: Comunicado está em linguagem muito próxima de fim de ciclo de alta no juro, diz Solange Srour
Analista do UBS vê sinalização de fim do ciclo de aumento de juros pelo Copom. Expectativas de inflação em queda e incertezas globais influenciam a avaliação do cenário econômico brasileiro.
Solange Srour, diretora de macroeconomia do UBS Global Wealth Management, acredita que o comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) indica uma pausa nas altas de juros após a elevação de 0,5 ponto porcentual, elevando a Selic para 14,75% — o maior nível em 20 anos.
Ela destaca que a linguagem do comunicado sugere “fim de ciclo” e que o mercado deve interpretar assim. Com a guerra comercial de Donald Trump, a queda nos preços das commodities e a valorização do real impactam a desinflação no Brasil.
Solange também menciona mudanças nas percepções sobre a inflação, onde agora os riscos estão mais balanceados. Ela afirma que o cenário é desinflacionário globalmente, exceto nos Estados Unidos.
Em relação ao Federal Reserve, ela observa que a incerteza é alta e não há definição clara sobre os riscos inflacionários.
Destaca-se que a economia americana apresenta resiliência, mesmo com PIB negativo no primeiro trimestre. Em contraste, o Brasil, antes sem vetores desinflacionários, agora enfrenta fatores como a queda de commodities e preços industrializados, que têm contribuído para as expectativas de inflação mais baixas.
Embora a expectativa de inflação permaneça acima de 3%, Srour acredita que o Banco Central tentará comunicar que a taxa de juros deve permanecer restritiva por mais tempo, mas enfrentará dificuldades para evitar a expectativa de cortes de juros pelo mercado.