Crise do açaí: o que está roubando o 'arroz com feijão' dos mais pobres em Belém?
Governador do Pará convida Donald Trump para experimentar açaí na COP30, mas população enfrenta alta nos preços da fruta. O custo do açaí, essencial na dieta local, disparou devido à entressafra e mudanças climáticas, afetando diretamente pequenos produtores e consumidores.
Governador do Pará, Hélder Barbalho, convida Donald Trump para tomar açaí durante a COP30 em Belém. O açaí é essencial na dieta local, mas sua alta de preço impacta consumidores e produtores.
Nos primeiros quatro meses de 2023, o preço do açaí aumentou 56%, passando de R$ 35,67 para R$ 52,10 por litro. A alta deve-se à entressafra e às mudanças climáticas que afetam a produção:
- Estiagem de 2023 e 2024.
- Fenômeno El Niño alterando ciclos de frutificação.
Pequenos produtores enfrentam maior escassez e preços altos. Paulo Tenório, batedor artesanal, relatou uma queda de 40% na renda e a necessidade de fechá-lo temporariamente.
A demanda mundial por açaí cresce, mas exportações e monoculturas deixaram os mercados locais em crise. O Pará, que concentra 90% da produção nacional, registrou exportações de 61 mil toneladas em 2023.
Além da alta, o açaí que chega a Belém é de menor qualidade e os moradores adaptam-se, pedindo misturas menos nutritivas para economizar. O transporte inadequado e as condições climáticas afetam ainda mais a qualidade do produto.
O governo do Pará lançou o projeto PRÓ-AÇAÍ, visando capacitar e modernizar a produção, mas denúncias de trabalho infantil e falta de tecnologia persistem.
As fábricas de açaí, que funcionam durante a safra, absorvem a produção antes destinada a Belém, aumentando a falta no mercado local. Recentemente, a Assembleia Legislativa aprovou um projeto para permitir o congelamento do açaí, mas o veto do governador cria incertezas para batedores locais.
As mudanças no consumo e a aceitação do açaí congelado refletem uma adaptação à nova condição de mercado. Contudo, os batedores temem perder espaço para indústrias maiores.