Crise na Azul ainda é reflexo da pandemia, e recuperação judicial é caminho ideal, dizem especialistas

Problemas financeiros da Azul foram herdados durante a pandemia e acentuados pela falta de ajuda governamental. A empresa considera aderir ao Chapter 11 nos EUA, sendo a última das três principais aéreas brasileiras (junto com Gol e Latam) a recorrer a essa alternativa.

A Bloomberg reporta que a adesão ao Chapter 11 pode ocorrer já na próxima semana, com a companhia em negociações para um financiamento de US$ 600 milhões (quase R$ 3,4 bilhões) que auxiliaria a reorganização.

O mecanismo permite que empresas em dificuldades financeiras reorganizem dívidas e continuem operando. A Azul afirma estar em diálogo com investidores desde 2024 e busca melhorar sua estrutura de capital.

Adalberto Febeliano, especialista em aviação civil, destaca que a crise atual é reflexo do setor aéreo durante a pandemia, onde as empresas continuaram pagando aluguéis de aviões sem receitas normais.

A Latam foi a primeira a solicitar o Chapter 11, saindo mais forte, enquanto a Azul optou por renegociar dívidas. A Gol também solicitou a recuperação e teve seu plano de reorganização aprovado pela Justiça dos EUA.

Em 2024, a Azul passou por uma reestruturação, mas enfrentou dificuldades devido à desvalorização do real, altos custos operacionais e interrupções nas operações. A Azul registrou um prejuízo líquido ajustado de R$ 324,2 milhões no primeiro trimestre do ano, embora tenha um Ebitda recorde de R$ 1,4 bilhão.

O economista José Roberto Afonso afirma que o Chapter 11 é o caminho ideal para reestruturação, mas ressalta que as três companhias estão operacionalmente bem. André Castellini, da Bain & Company, observa que a dívida acumulada durante a pandemia ainda afeta a Azul.

O setor aéreo brasileiro continua buscando ajuda do governo e enfrenta desafios, como a judicialização e os elevados preços do querosene de aviação.