CVM vê 'movimento orquestrado' entre Tanure, Banco Master e controlador da Ambipar para valorizar ações
CVM aponta conluio entre investidores para impulsionar ações da Ambipar. Investigação revela manobras que elevaram o valor das ações em 863% antes de oferta pública obrigatória.
Relatório da CVM identifica "troca de favores" entre Nelson Tanure, Tércio Borlenghi Junior e Banco Master para inflacionar preços das ações da Ambipar.
O documento faz parte de um processo que _obrigou_ a realização de uma oferta pública de ações após Borlenghi Junior aumentar sua participação na empresa.
A assessoria de Tanure não se manifestou, e a Ambipar e o Banco Master não responderam às solicitações feitas pela imprensa.
A oferta, prevista até maio, foi contestada, e a decisão da CVM, adiada após pedido de vista.
O relatório aponta que fundos associados a Tanure e ao Banco Master, atuaram com Borlenghi Junior para valorizar ações, que aumentaram 863% entre junho e agosto de 2024.
A CVM detalha compras sinérgicas das ações, que coincidiram com a aquisição da Emae por Tanure, utilizando ações da Ambipar como garantias em um financiamento de R$ 1 bilhão.
Os fundos aumentaram sua participação de 6,6% para 15,03%, enquanto Borlenghi Junior elevou sua fatia de 66,7% para 73,48%.
A área técnica destaca que o movimento foi orquestrado para impulsionar a cotação das ações e beneficiar Tanure e Borlenghi Junior.
A CVM questionou a Ambipar sobre a valorização, mas a companhia não se manifestou sobre a origem da alta.
Ainda segundo o relatório, a situação é _inovadora_, uma vez que relaciona as partes envolvidas, avaliando uma potencial atuação conjunta.
A Trustee, em recurso, alegou não ter recebido acesso integral aos autos e contestou a noção de atuação conjunta.
Por fim, o presidente da CVM reafirmou a existência de indícios de coordenação entre os agentes, ligando as aquisições da Ambipar ao leilão da Emae.