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Dalai-lama completa 90 anos em festa contida sob pressão da China por sucessão

Cerimônia atraiu apoio internacional e reacendeu tensões com a China sobre a sucessão do líder budista. Dalai-lama reafirma sua autoridade na escolha da reencarnação, resistindo à interferência chinesa.

Sob forte chuva, milhares de budistas, políticos indianos e celebridades, como o ator americano Richard Gere, compareceram à cerimônia de comemoração dos 90 anos do monge Tenzin Gyatso, 14º dalai-lama, em Dharamshala, Índia, neste domingo (6).

O dalai-lama, que vive na Índia desde 1959, evitou novas declarações sobre sua sucessão, após provocar reações em Pequim. Ele anunciou a intenção de reencarnar e designou a fundação Gaden Phodrang Trust como responsável por confirmar seu novo corpo. "Ninguém mais tem autoridade para interferir", afirmou.

Em resposta, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, comentou que a reencarnação do dalai-lama deve seguir rituais e convenções históricas, incluindo a aprovação do governo chinês.

O embaixador chinês na Índia, Xu Feihong, reiterou que o sistema de reencarnação do budismo tibetano existe há 700 anos e que o dalai-lama não tem autoridade para mudá-lo.

O título de dalai-lama foi concedido em 1580, e a linhagem por reencarnação começou no século 14. Textos oficiais chineses também fazem referência à jurisdição histórica sobre o Tibete.

Na véspera do aniversário, o dalai-lama indicou que não vê a reencarnação próxima, afirmando que espera viver "mais de 130 anos". Em resposta às declarações, o porta-voz da diplomacia indiana, Randhir Jaiswal, afirmou que o governo da Índia não se posiciona sobre questões de fé.

O ministro indiano Kiren Rijiju afirmou que sua declaração sobre a fundação foi pessoal e, pelo primeiro-ministro Narendra Modi, parabenizou o dalai-lama nas redes sociais.

Índia e China tentam se reaproximar após um conflito de fronteira de cinco anos, com Pequim liberando a entrada de indianos para peregrinações no Tibete.

Nos EUA, o secretário de Estado Marco Rubio parabenizou o dalai-lama, enquanto o presidente taiwanês, Lai Ching-te, expressou gratidão pela dedicação do líder budista à paz e direitos humanos.

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