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Debate e achados sobre a transparência socioambiental dos bancos centrais

Estudo revela crescimento na transparência socioambiental dos bancos centrais, mas destaca disparidades significativas entre países. Brasil se posiciona de forma intermediária, enquanto nações como Alemanha e França lideram o índice de transparência.

Papel da transparência nas políticas públicas é tema de pesquisa recente focada em sua impacto na sociedade. A transparência corrige falhas de mercado, especialmente a assimetria de informação, crucial durante a crise climática.

Ainda há, no entanto, compromissos vagos, dificultando a cobrança de mudanças. A divulgação rigorosa de informações pode fortalecer a disciplina de mercado e impulsionar a coordenação entre agentes.

Junto à pesquisadora Carolina Lema, do COPPEAD, Claudio de Moraes investigou a transparência socioambiental dos bancos centrais, um tema pouco explorado, mas relevante para a sustentabilidade do sistema financeiro.

Desde 2019, o aumento da discussão sobre riscos climáticos e socioambientais destaca o debate sobre o “mission creep” das autoridades monetárias, equilibrando estabilidade financeira e sustentabilidade.

O Climate and Sustainability Transparency Index (CSTI) foi desenvolvido para avaliar a transparência em 12 dimensões, analisando 44 bancos centrais entre 2021 e 2023.

Resultados:

  • A média global do índice aumentou de 8,3 (2021) para 12,6 (2023).
  • Países como Alemanha (18,3) e França (18,0) lideram; Argentina e Estados Unidos têm notas próximas de 1.
  • O Brasil obteve 14 pontos, acima da média global.
  • A Finlândia registrou 10 pontos, abaixo do Brasil, indicando desafios na integração da transparência climática.

Os determinantes da transparência incluem:

  • Maior independência dos bancos centrais leva a mais transparência.
  • Relação positiva com crescimento do PIB.
  • Emissões de CO₂ per capita têm efeito negativo na transparência.

Esses achados sugerem a importância da transparência dos bancos centrais no comportamento econômico e na alocação de recursos, essenciais para a sustentabilidade a longo prazo.

Futuras pesquisas devem investigar como a transparência impacta o custo de capital e a resiliência climática das carteiras bancárias.

Claudio de Moraes é professor no Coppead UFRJ e atua no Banco Central do Brasil. Atualmente, é fellow research na Universidade de Vaasa, na Finlândia.

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