Decreto de Lula abre caminho para uso de dados de luz e telefone na fiscalização de usuário do BPC
Governo brasileiro justifica acesso a dados pessoais para combater fraudes em benefícios sociais, mas entidades civis alertam sobre riscos à privacidade. A ANPD iniciou avaliação para assegurar a conformidade do decreto com a Lei Geral de Proteção de Dados.
Decreto do governo Lula permite que o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) tenha acesso a dados pessoais de órgãos públicos e prestadoras de serviços (água, luz, internet).
Publicada em 3 de abril, a decreto 12.428 não especifica como os dados serão armazenados, nem se haverá anonimização.
A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) supervisiona mais de 219 mil entidades prestadoras de serviços. A Dataprev analisará os dados para aperfeiçoar o processo de concessão de benefícios, como o BPC (Benefício de Prestação Continuada).
Entidades civis expressaram preocupação com o risco de avaliação automática de beneficiários e possíveis riscos excessivos na análise de dados.
A ANPD (Autoridade Nacional de Proteção de Dados) instaurou um processo para avaliar a compatibilidade do decreto com a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados). O governo não consultou a ANPD antes da publicação do decreto.
O MGI anunciou que publicará uma nova versão do decreto e abrirá uma consulta pública para tratar das preocupações levantadas. O novo texto esclarecerá que apenas o endereço será compartilhado, preservando o CPF do cidadão.
Especialistas alertam que a norma poderia ser alterada sem o devido controle, resultando em repasse de bases de dados inteiras.
A ANPD continua a monitorar os desdobramentos, reafirmando seu compromisso com a proteção de dados pessoais. O MGI será responsável pelo cumprimento das normas da LGPD.