Demissão no Fed é “grave” e permitiria troca “profunda” no colegiado, alerta JPMorgan
Analistas do JPMorgan alertam para as consequências potenciais da demissão de Lisa Cook, que podem reestruturar o Federal Reserve e aumentar a influência política sobre a política monetária. A disputa legal entre Trump e Cook deverá ser acompanhada de perto, com possíveis impactos significativos nos próximos anos.
JPMorgan avaliou a tentativa do presidente Donald Trump de demitir Lisa Cook, membro do conselho do Federal Reserve (Fed), como um ponto de inflexão no confronto entre a Casa Branca e o banco central.
O economista-chefe Michael Feroli destaca que essa medida pode abrir espaço para uma transformação profunda na estrutura de poder do Fed.
Embora o sucesso de Trump seja incerto, Feroli considera o movimento significativo, pois criaria a segunda vaga no conselho em menos de um mês, permitindo ao presidente moldar o Fed mais a seus interesses.
A consequência de um possível êxito de Trump seria “graves”, pois, em fevereiro de 2026, o conselho do Fed deverá revalidar os mandatos dos 12 presidentes regionais. Se os assentos vagos forem preenchidos por aliados de Trump, haveria risco de substituição de todos os presidentes regionais, remodelando o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc).
Feroli alerta que isso poderia levar à abertura de um precedente perigoso para a remoção de outros governadores, aumentando a vulnerabilidade institucional do Fed e gerando pressões inflacionárias.
O JPMorgan observa que, apesar do aumento do poder presidencial, a Suprema Corte parece ter estabelecido uma exceção para o Fed no que se refere às demissões.
A acusação de fraude hipotecária contra Cook, ocorrida antes de seu mandato, enfraquece a justificativa de “justa causa”.
O advogado de Cook informou que ela contestará a demissão na Justiça, e a disputa deverá alcançar a Suprema Corte, podendo se arrastar por meses.