Deputados de São Paulo enviam R$ 30,4 milhões em emendas para outros Estados em 2024; veja quem são
Deputados de São Paulo direcionam emendas parlamentares para outros estados, levantando críticas sobre a representatividade. Com R$ 55 milhões em repasses desde 2023, a prática é questionada por especialistas e já está sob a análise do STF.
Deputados federais de São Paulo destinaram mais de R$ 30,4 milhões em emendas parlamentares para fora do Estado em 2024.
Desde o início do mandato, em 2023, os repasses interestaduais já somam cerca de R$ 55 milhões. Um total de 22 parlamentares paulistas enviaram recursos para outros Estados.
Embora a prática seja legal, especialistas afirmam que contraria o discurso de representatividade dos congressistas. O STF já proibiu a manobra para emendas Pix.
Um caso emblemático é o do deputado Tiririca (PL), que direcionou R$ 9,8 milhões para outros Estados em 2024, enquanto destinou R$ 25 milhões para sua base em São Paulo.
O Rio Grande do Sul foi o principal beneficiado, recebendo R$ 10,4 milhões, especialmente após tragédias climáticas. Outros Estados também receberam: Minas Gerais (R$ 5,3 milhões), Bahia (R$ 5 milhões) e Rio de Janeiro (R$ 2,9 milhões).
Para a especialista Maria Atoji, essa estratégia de enviar recursos para outros Estados é cada vez mais comum e questiona a lógica territorial defendida pelos parlamentares.
Tiririca também enviou R$ 4,9 milhões para a Bahia, focando em educação e saúde. No mesmo ano, destinou apenas R$ 3,6 milhões para a educação em cinco cidades paulistas.
Outro deputado, Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL), destinou R$ 1,4 milhão ao Rio de Janeiro. De acordo com Bruno Bondarovsky, do PUC-Rio, essa situação evidencia a necessidade de maior transparência.
Minas Gerais recebeu R$ 5,3 milhões de dois parlamentares. Kim Kataguiri (União Brasil) alocou R$ 5 milhões para um projeto de fármacos, mas enviou apenas R$ 500 mil para sua base em São Paulo.
O deputado Vicentinho (PT) também destina recursos a pequenas cidades, enviando R$ 1,5 milhão a quatro Estados diferentes.
A proibição das emendas Pix para Estados distintos foi estabelecida pelo ministro Flávio Dino, o que pode levar a restrições semelhantes em outros tipos de emendas, segundo especialistas. A prática atual é vista como uma fragmentação do orçamento, guiada por interesses individuais e desprovida de planejamento.