Desaceleração da economia está dentro do script
Banco Central monitora resiliência econômica e baixa confiança do mercado. Risco fiscal e expectativas inflacionárias elevadas são desafios para a política monetária.
A resposta da atividade econômica à alta de juros é crucial para o Banco Central calibrar a política monetária, segundo o presidente do BC, Gabriel Galípolo.
O maior desafio do BC não é o aquecimento econômico, mas a baixa confiança dos agentes quanto ao compromisso do BC com a meta de 3%. Isso se reflete em expectativas inflacionárias de longo prazo superiores a 3,8% para 2029.
Outro ponto crítico é o risco fiscal gerado pelo governo. Isso contribui para a instabilidade da taxa de câmbio e pressiona as projeções de inflação.
O real não tem se valorizado como outras moedas emergentes, apesar dos altos juros no Brasil. É vital que a demanda reaja aos juros altos para mitigar os efeitos do risco fiscal na inflação.
Os dados do PIB do primeiro trimestre mostram sinais de desaceleração, compatíveis com o aperto monetário atual. O crescimento de 1,4% deve ser analisado com cautela devido a distorções sazonais.
A demanda apresentou crescimento nas famílias, embora marginal, devido a um trimestre fraco. O investimento cresceu impulsionado pela importação de plataformas de petróleo, mas o aumento não representa um risco inflacionário imediato.
A expansão das importações foi de 5,9%, mas provavelmente será revista para baixo. O saldo líquido de exportações é negativo, semelhante a momentos críticos anteriores, mas com menos excessos de demanda.
A crescente participação de produtos importados na cesta de consumo está relacionada ao aumento do custo do trabalho e à baixa confiança sobre a capacidade do BC de controlar a inflação.
Menores ajustes salariais podem ajudar a conter a inflação, reduzindo a necessidade de juros altos no futuro. As medidas de política monetária estão sendo implementadas, com efeitos esperados ao longo do tempo.