Diplomacia brasileira cobra urgência em regulação tecnológica e financiamento climático
Representantes do Itamaraty enfatizam a necessidade de ação coordenada e financiamento robusto para enfrentar desafios climáticos. A discussão destaca a importância de regulamentações digitais e o papel crescente do Brics na cooperação internacional.
O avanço da agenda climática no Brics e no cenário global requer ação coordenada, financiamento ambicioso e tecnologias equitativas, afirmaram representantes do Itamaraty durante o evento “Construindo coalizões para a ação climática no âmbito do Brics Expandido” no Rio, nesta quinta-feira (3).
O embaixador Laudemar Aguiar, secretário de tecnologia e inovação do Itamaraty, destacou as desigualdades entre países e o impacto da revolução tecnológica: “Hoje usamos inteligência artificial para tudo... A diferença de acesso entre países desenvolvidos e em desenvolvimento já é enorme”.
Aguiar defendeu a criação de regulações internacionais para impulsionar a inovação por meio da cooperação, ressaltando a necessidade de uma política digital no Brics. “Com regulação, consegue-se inovar mais”, disse.
Ele enfatizou que o desenvolvimento sustentável deve incluir aspectos econômicos e sociais: “Com internet e energia, ribeirinhos, indígenas e quilombolas podem acessar educação e saúde digital”.
O embaixador mencionou a entrada de novos membros no Brics, elevando o total a 11, e ressaltou que mais de 40 países estão interessados em ingressar. "Falamos de coisas concretas que impactam o mundo, como financiamento", afirmou.
O coordenador da presidência brasileira do Brics, Augusto Castro, destacou o foco central da agenda climática no financiamento climático. “Os [países] do Brics não podem esperar. Precisamos de um quadro e uma agenda de mobilização de recursos”, disse, mencionando a reforma dos bancos multilaterais de desenvolvimento e a desburocratização dos fundos da ONU.
O Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) prometeu destinar 40% de seus projetos ao combate às mudanças climáticas. Castro também sugeriu a criação de um laboratório dos Brics para o comércio sustentável.
Ainda segundo Castro, a meta futura é integrar os mercados de carbono do Brics e talvez expandir para além do grupo. “É possível pensar em uma forma global de precificar o carbono”, finalizou.