Diretor do BC avalia que política monetária não vem perdendo potência
Guillen afirma que entupimento nos canais de transmissão da política monetária é um problema estrutural e ressalta a cautela do Copom em meio a incertezas econômicas. A expectativa é que a economia opere abaixo do potencial, com um hiato relevante nos próximos meses.
Diogo Guillen, diretor de Política Econômica do Banco Central, afirmou que o entupimento dos canais de transmissão da política monetária é um problema estrutural, não conjuntural. Ele fez a declaração em evento do Jota, em São Paulo.
Guillen mencionou que a expressão “continuação da interrupção do ciclo”, usada pelo Copom, reflete cautela diante das incertezas econômicas.
No dia 30 de julho, o Copom manteve a taxa Selic em 15% e reafirmou a interrupção do ciclo.
Em um tom descontraído, Guillen comentou sobre as críticas à sinalização, ressaltando que o comitê está comprometido com a convergência da inflação à meta e permanece vigilante.
Ele destacou que a atividade econômica está desacelerando, conforme esperado, mas que o mercado de trabalho continua dinâmico com dados mistos.
Guillen projetou um hiato relevante na economia, prevendo que o Produto Interno Bruto (PIB) opere 0,8% abaixo do potencial até o final do próximo ano.
Sobre a taxa de juro real neutro, Guillen não favoreceu atualizações constantes para evitar volatilidade, afirmando que a taxa permanece em 5%.
Em relação ao cenário fiscal, o BC trabalha com expectativas do Focus e do Questionário Pré-Copom, prevendo maior execução fiscal no segundo semestre.
Guillen também ressaltou um cenário internacional adverso, citando novas políticas tarifárias dos EUA que afetam o Brasil, além da correlação das moedas com os níveis de juros.