Diretor do Museu do Holocausto diz que Lula erra ao romper com aliança
Críticos de Lula apontam para uma perda significativa na diplomacia brasileira ao retirar o país da IHRA, enquanto apoiadores defendem a medida como uma proteção contra interesses políticos. A polêmica revela divisões sobre a luta contra o antissemitismo e a cooperação internacional.
Carlos Reiss, diretor do Museu do Holocausto de Curitiba, criticou a decisão do governo Lula de retirar o Brasil da IHRA (Aliança Internacional para a Memória do Holocausto). Para ele, essa saída é um “erro estratégico”, que fere a tradição diplomática de diálogo universal.
Reiss afirmou que “abandonar iniciativas multilaterais é sempre um erro estratégico”, lamentando a decisão em entrevista à coluna de Mônica Bergamo. Ele destacou que a medida contraria os princípios do art. 4º da Constituição, que promovem a “cooperação entre os povos”.
A decisão foi criticada pelo governo de Israel e pela Conib (Confederação Israelita do Brasil), que a consideraram um “retrocesso moral”. Em contraste, o professor Michel Gherman, da UFRJ, defendeu a saída, argumentando que a IHRA atende a interesses de um “lobby evangélico, branco e de direita”.
A IHRA, criada nos anos 1990, conta com mais de 30 países com o objetivo de promover o estudo e educação sobre o Holocausto. A entidade tem sede na Alemanha e realiza reuniões semestrais.
Reiss, que representa o Brasil na IHRA desde 2021, citou a Argentina, que manteve sua participação por 25 anos, independente do governo. Ele enfatizou que a organização vai além de questões políticas e que para combater o antissemitismo, é essencial se engajar em outras lutas sociais.
“Ninguém combate o racismo sozinho“, afirmou Reiss, alertando que o antissemitismo está crescendo junto com discursos de ódio contra diferentes grupos. Ele ainda não foi formalmente desligado da IHRA e acredita que há tempo para reverter a decisão.
O diretor ressalta que críticas legítimas a Israel são válidas, desde que não culpem povos inteiros nem neguem o direito de autodeterminação.