Diretoria do INSS virou alvo do centrão e epicentro da crise de fraudes em descontos
Fraudes nos descontos do INSS revelam uma teia de corrupção envolvendo políticos e entidades sindicais. A investigação da Polícia Federal expõe o impacto nas operações do órgão e no combate às irregularidades.
Fraude nos Descontos Associativos do INSS
A fraude nos descontos associativos do INSS, concentrada na Diretoria de Benefícios, vem causando impactos significativos, incluindo a queda de um ministro e um presidente da autarquia. O órgão, com um orçamento superior a R$ 1 trilhão anual, foi alvo de políticos, especialmente do centrão.
Até 2016, o foco principal na Diretoria era a Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura), que, sem poder de cobrança de imposto sindical, utilizava os descontos para arrecadação.
Com o aumento de acordos entre associações e o INSS, a Polícia Federal começou a investigar entidades como Conafer, Ambec e Sindnapi. Em resposta, a Medida Provisória 871 foi elaborada para combater fraudes, incluindo a revalidação anual de benefícios, mas sem sucesso devido a lobby no Congresso.
Em 2019, a então diretora do INSS rescindiu quatro acordos e outros cinco foram rompidos por seu sucessor. A Conafer, que recebia R$ 6 milhões mensais, teve seus descontos suspensos, resultando em forte pressão política.
Com o aumento das fraudes durante a pandemia, o número de acordos publicados subiu de 2 em 2020 para 15 em 2022. A arrecadação com descontos associativos também cresceu, atingindo R$ 1,3 bilhão em 2023.
Após a troca de governo em 2022, as fraudes continuaram. André Fidelis, indicado pelo centrão, foi demitido em 2024, e Vanderlei Barbosa, seu sucessor, também foi afastado.