Do vinho à aeronáutica, como as tarifas de 30% de Trump ameaçam a Europa?

Novas tarifas dos EUA: A imposição de tarifas de 30% sobre produtos europeus pelos Estados Unidos reacende tensões com a União Europeia. Anunciada pelo presidente Donald Trump neste sábado, a medida entra em vigor em 1º de agosto e abrange setores como automóveis e artigos de luxo.

Em 2024, o comércio entre os dois blocos somou 1,68 trilhão de euros, representando aproximadamente 30% do comércio global.

Medicamentos, um dos principais produtos exportados, estão isentos das tarifas, mas as farmacêuticas aumentaram investimentos nos EUA, pressionando a UE por um ambiente regulatório melhor.

Setor automotivo: As montadoras europeias, como Mercedes, exportaram cerca de 750 mil veículos para os EUA em 2024. A Mercedes obteve 23% de seu faturamento global vindo do mercado americano.

Outros setores afetados: Aeronáutica e indústria de base já sofrem com tarifas anteriores, como a sobretaxa de 25% sobre aço e alumínio e 10% sobre aviões. A nova medida complicou negociações para um acordo que poderia beneficiar o setor.

O setor de luxo, com empresas como LVMH e Hermès, também deve sentir os impactos. A LVMH teve 25% de suas vendas nos EUA e pediu livre comércio como solução. A Hermès já reajustou preços em abril, mas pode não ser suficiente.

Cosméticos, como os da L’Oréal, que obtiveram 38% de sua receita nos EUA, consideram redirecionar produção para minimizar danos.

A gastronomia: O sindicato Coldiretti da Itália considera a tarifa um "golpe mortal" para o selo Made in Italy, com taxações que podem chegar a 45%. A França, maior exportadora de vinhos para os EUA, também se sente ameaçada, com exportações de 3,8 bilhões de euros em 2024.

"Seria uma catástrofe para todo o setor", afirmou Jérôme Despey, do sindicato agrícola FNSEA.