Dólar enfraquece em agosto e deve continuar cedendo globalmente; entenda motivos
O dólar encontra pressão de queda com perspectivas de cortes nas taxas de juros e desaceleração econômica. A incerteza política e a desconfiança em relação ao Federal Reserve contribuem para reduzir seu apelo como ativo seguro.
Dólar perde força globalmente em agosto, após desempenho positivo em julho. O Bloomberg Dollar Spot Index caiu 1,6% no mês, reduzindo o avanço acumulado de 2,7% no mês anterior.
Wall Street prevê queda contínua da moeda de reserva global, prevendo uma desvalorização de 8% até o fim do ano, devido aos sinais de desaceleração econômica e expectativa de cortes nas taxas de juros pelo Federal Reserve.
O presidente Donald Trump questiona a credibilidade do banco central e a precisão dos dados econômicos, o que afeta o apelo da moeda. Jayati Bharadwaj, do TD Securities, alerta sobre as implicações de longo prazo dessa situação.
A análise técnica sugere uma tendência de baixa no dólar, com duas tentativas de recuperação falhando neste mês. Preocupações com a independência do Fed aumentam, especialmente após Trump tentar destituir Lisa Cook, diretora do Fed, que entrou com uma ação judicial contra o presidente.
Jerome Powell, presidente do Fed, sinaliza cortes de juros na próxima reunião, com 80% de chance de redução em setembro. O mercado já embute 125 pontos-base de corte até 2026.
A expectativa de fraqueza prolongada do dólar leva investidores internacionais a aumentar suas proteções cambiais. O Morgan Stanley aponta que fundos de pensão dinamarqueses aumentaram suas posições de hedge, enquanto outros países ainda não divulgaram dados recentes.
Serena Tang, do Morgan Stanley, destaca a incerteza política crescente que pode pressionar o dólar, apesar da força dos ativos dos EUA. Mahtani estima que investidores estrangeiros, detentores de US$ 32 trilhões em ativos em dólar, podem vender até US$ 1 trilhão caso os níveis de hedge retornem à média.
“A maior parte do ajuste cambial ainda está por vir”, conclui Mahtani.