Dólar mais fraco ante pares desenvolvidos e real desvalorizado? Como assim?
A escalada da guerra comercial entre EUA e China afeta o mercado cambial global, pressionando o dólar e desvalorizando o Real. Especialistas preveem uma desaceleração econômica que pode impactar diretamente as commodities brasileiras e acentuar a incerteza no cenário nacional.
Estresse financeiro global resulta em forte desvalorização do Real frente ao dólar, que chegou a ultrapassar R$ 6,00.
Aumento das tensões na guerra comercial entre EUA e China impacta o câmbio, com o dólar recuando para R$ 5,90 após Trump anunciar uma pausa nas tarifas para quase todos os países, exceto a China.
Especialistas apontam a fuga de risco como causa do estresse cambial, ligado à expectativa de recessão global. A tarifa total dos EUA sobre bens chineses atingiu 104%, enquanto a resposta da China elevou sua taxação para 84%.
O economista André Valério argumenta que a visão de recessão mundial diminui a demanda por commodities, impactando diretamente o Brasil, que é fortemente exposto ao mercado de petróleo e minério de ferro.
A análise de Paula Zogbi também destaca a desaceleração da economia dos EUA e suas consequências globais, com commodities sendo muito afetadas.
O minério de ferro e o petróleo chegam a níveis baixos, com o petróleo em menos de US$ 60, o menor valor desde 2021.
Curiosamente, a fuga de investimentos não se dirige aos EUA. O índice do dólar caiu 0,25%, enquanto investidores buscam ativos mais seguros como euro, franco suíço e ouro.
- O euro subiu 0,68%, cotado a US$ 1,1031.
- O dólar caiu 0,66% frente ao franco suíço.
- O menor valor do dólar ante o iene japonês foi observado.
- O ouro à vista subiu 3,53%, para US$ 3.088,80/onça.
Leonel Oliveira Mattos observa que os investidores acreditam que a economia americana pode sofrer mais, questionando o dólar como reserva de valor.
A taxa de juros dos EUA subiu de 3,88% para 4,44%, refletindo um cenário pessimista quanto a uma possível recessão.
Valério conclui que a atual busca por liquidez afeta os yields americanos, desestabilizando o mercado e colocando a China em posição vantajosa até novas negociações com os EUA.