HOME FEEDBACK

É mais importante ter generais como Braga Netto e Heleno como réus do que Bolsonaro, diz historiador

Julgamento de Jair Bolsonaro no STF pode redefinir a relação entre Forças Armadas e política no Brasil. Especialista alerta para a importância simbólica da possível responsabilização de generais envolvidos na tentativa de golpe.

Julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no STF acontece na terça-feira (25/3). A 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) avaliará a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) por tentativa de golpe de Estado nas eleições de 2022.

Bolsonaro pode se tornar réu. O julgamento é aguardado por políticos à esquerda e à direita, considerando sua relevância política. Mesmo fora do poder, Bolsonaro é visto como a maior liderança da direita no Brasil.

O professor de história Carlos Fico destaca que o impacto verdadeiro pode recair sobre os oficiais generais das Forças Armadas, como Braga Netto e Augusto Heleno, caso sejam admitidos como réus.

Fico, especialista na história política militar do Brasil, afirma que o julgamento pode ser inédito: “Nunca um ex-presidente e generais foram processados por tentativa de golpe.” Ele ressalta que a mudança na percepção das Forças Armadas seria necessária com a alteração do artigo 142 da Constituição Federal.

O impacto simbólico desse julgamento pode reforçar a noção de que os militares não são garantidores da República, ainda que Fico não acredite em mudanças definitivas na atuação intervencionista dos militares.

Sobre a anistia, Fico expressa preocupação caso seja aprovada para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023. Ele afirma que essa tradição de leniência com militares golpistas perpetua a ideia de intervenção militar em crises.

O professor também vê a comparação entre a atual tentativa de anistia e a lei da anistia de 1979 como inadequada, lembrando a brutalidade da repressão militar.

Fico conclui que, independentemente do resultado, o julgamento pode aumentar a polarização política. No entanto, acredita que o eleitorado de Bolsonaro deve permanecer leal, enquanto suas tentativas de se colocar como mártir político ainda estão em andamento.

Leia mais em bbc