'É preciso estudar a história para entender o consumo', diz CEO da L'Oréal Brasil

Lúcia Helena Corrêa, uma mulher carioca de 50 anos, começou sua trajetória como cabeleireira em 1996, quando ainda era faxineira em um salão de beleza. Sua habilidade foi reconhecida após ela ajudar a cachear o cabelo de uma cliente negra, gerando sua primeira oportunidade na profissão.

Desde então, Lúcia se formou em cabeleireiro por meio de um curso gratuito da Fundação Darcy Vargas e atualmente sonha em ter seu próprio negócio. A fundação, apoiada pela L'Oréal Brasil, faz parte dos programas que investiram 1,5 milhão de euros na capacitação de cerca de 4.000 mulheres nos últimos três anos.

O novo presidente da L'Oréal Brasil, Marcelo Zimet, tem buscado adaptar a empresa ao mercado brasileiro. A multinacional percebeu que não liderava no Brasil, o terceiro maior mercado de beleza no mundo, mesmo com um faturamento global de 43,5 bilhões de euros. O objetivo é aumentar a “brasilidade” nos produtos e na comunicação.

Pesquisa da L'Oréal revelou que 85% das brasileiras veem o cabelo como fundamental para a autoestima. Apesar de 68% das mulheres terem cabelos crespos ou cacheados, muitas ainda preferem os lisos, evidenciando padrões de beleza europeus.

Entre 2010 e 2022, aumentou em 40%% o número de brasileiros que se autodeclaram pretos e pardos, com uma crescente aceitação de cabelos naturais. O setor de produtos capilares movimenta R$ 32 bilhões ao ano no país.

Com uma visão estratégica, Zimet deu visibilidade à marca Niely e ampliou a linha de produtos para cabelos crespos e danificados. Os resultados foram significativos: as vendas da marca Elseve triplicaram, tornando-a líder em cuidados capilares.

A L'Oréal Brasil implementou iniciativas de diversidade, aumentando a representatividade de negros na equipe de 32% para 42%%. Em cargos de liderança, o índice subiu de 13%% para 25%%.

Os funcionários participam do “Tour pela Herança Africana” no Rio, promovendo imersão cultural. Essa iniciativa ajuda a entender as raízes históricas da população brasileira.

Em termos de comunicação, a L'Oréal contratou a atriz Bella Campos como garota-propaganda, abordando questões de beleza e identidade.

Dados da L'Oréal Brasil:

• Fundação: 1959
• Sede: Rio de Janeiro
• Funcionários: 3.000
• Segmentos: produtos para cabelo, maquiagem, esmaltes, entre outros
• Principais marcas: L'Oréal Paris, Garnier, Niely, entre outras
• Principais rivais: Natura&Co, Grupo Boticário, entre outros
• Faturamento (2024): 3,3 bilhões de euros (R$ 21 bilhões)