Economia do cuidado: BID cria programa para inserir mulheres no mercado de trabalho e impulsionar crescimento econômico da América Latina
Programa do BID visa apoiar mulheres no trabalho doméstico não remunerado, estimulando emprego e infraestrutura na América Latina. A iniciativa pretende alavancar a economia da região ao transformar a escassez de serviços de cuidado em oportunidades de crescimento sustentável.
Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) lança novo programa voltado para a infraestrutura e serviços de apoio a pessoas que trabalham com cuidados não remunerados, principalmente mulheres.
A iniciativa busca inserir essas pessoas no mercado de trabalho, o que pode aumentar a economia da América Latina e Caribe em até 20 pontos percentuais.
Diana Rodriguez, assessora do BID, destaca a importância de investimentos em cuidados como creches e serviços a idosos, devido ao crescimento da demanda com o envelhecimento da população. Essa atividade não remunerada representa 21% do PIB da região.
O presidente do BID, Ilan Goldfajn, enfatiza que o programa BID Cuida promoverá uma distribuição mais equitativa das atividades de cuidado e melhorará a vida de crianças, idosos e pessoas com deficiência (PCDs).
A escassez de serviços de cuidados de qualidade tem sido um obstáculo para a entrada de mulheres no mercado de trabalho. No Brasil, as mulheres dedicam quase duas vezes mais tempo a afazeres domésticos do que os homens.
Com 15,8% da população com mais de 60 anos, o Brasil é o país que enfrenta o mais acelerado envelhecimento na região. O BID acredita que a criação de infraestrutura pode transformar o problema em uma oportunidade de crescimento econômico.
A proposta inclui tres frentes: governança, aumento de aportes em serviços de qualidade e divisão equilibrada das responsabilidades de cuidado entre sociedade civil, governo e iniciativa privada.
O programa será adaptado às realidades locais, como horários escolares e parcerias público-privadas (PPPs). Exemplos de soluções já testadas, como em Uruguai, mostram que a colaboração pode criar mais de 80 mil empregos e aumentar a participação feminina no mercado de trabalho.
*A repórter viajou a convite do BID*