Economia fechada e mercado interno grande atenuam impacto das tarifas de Trump no Brasil; veja quem será mais afetado
Relatório da Moody’s destaca que Brasil e Índia estão menos vulneráveis ao tarifário dos EUA devido a economias internas robustas. No entanto, a indústria brasileira pode enfrentar desafios significativos, especialmente em setores tecnológicos.
Brasil e Índia estão bem posicionados para enfrentar as turbulências causadas pelo tarifaço sobre importações prometido pelo governo de Donald Trump, segundo um relatório da Moody’s Ratings.
As economias emergentes sofrerão com as novas políticas, mas Brasil e Índia possuem economias relativamente fechadas, voltadas para o mercado interno, o que ajuda na resistência. Ambos têm baixa vulnerabilidade externa, pouca dívida em moeda estrangeira e grandes reservas.
A diretora da Moody's, Madhavi Bokil, destaca que ser uma economia grande e impulsionada pelo mercado interno é uma vantagem em tempos de incertezas globais.
Peso das vendas aos EUA: As economias dependem pouco das exportações para os EUA, representando apenas 1,7% do PIB brasileiro e 2,1% do indiano. Embora todos os países enfrentem desaceleração econômica, as pequenas economias emergentes, como o México, sentirão o impacto mais significativo, onde as exportações para os EUA representam 27,3% do PIB.
O economista Marcos Lisboa destaca que a baixa dependência das vendas para os EUA ajuda na resistência às turbulências, porém a natureza fechada da economia pode resultar em inflação e elevação de juros.
A indústria brasileira, especialmente em setores como aviões da Embraer, pode ser afetada, pois 22% das vendas de manufaturados vão para os EUA. Rafael Cagnin do Iedi, ressalta que, embora o impacto seja mitigado pela força da economia doméstica, ainda haverá efeitos significativos.
Economistas alertam que mudanças no comércio global propostas por Trump poderão causar recessão nos EUA, impactando a economia global e os preços das commodities. A alta da inflação americana pode levar a um aumento nas taxas de juros, afetando também outras economias.
Lisboa conclui que, embora o Brasil tenha um mercado interno robusto, a economia fechada não deve permitir críticas ao protecionismo dos EUA, refletindo os desafios que há muito tempo afetam a América Latina.