Editorial: O surpreendente ato de autossabotagem da América
A decisão de Trump pode resultar em uma inflação elevada e um descontentamento generalizado, afetando tanto a economia americana quanto as relações comerciais globais. Especialistas alertam que os danos potenciais superam os benefícios, desestabilizando décadas de progresso econômico.
Decisão de Donald Trump em 2 de abril de 2025 de implementar tarifas "recíprocas" abrange uma agenda protecionista que pode se tornar uma das maiores autossabotagens econômicas da história dos EUA.
Trump anunciou tarifas mínimas de 10% sobre todas as importações, além de tarifas individualizadas para nações com déficits comerciais significativos. Essas medidas elevam a taxa tarifária efetiva dos EUA ao seu nível mais alto em mais de um século.
A justificativa baseia-se em uma ideia simplista de que desequilíbrios comerciais são comparáveis a contas de lucros e perdas. Isso ignora a complexidade das cadeias de suprimento e o papel do livre comércio no crescimento econômico americano.
Impactos imediatos:
- Aumento da inflação possivelmente acima de 4% até o final do ano.
- Desaceleração da atividade econômica.
- Taxas de juros mais altas por mais tempo.
As empresas americanas enfrentarão desafios na adaptação a fornecedores domésticos, e a confiança nos mercados financeiros já está em queda.
As tarifas terão consequências graves para as economias de países que dependem das exportações para os EUA, colocando em risco o progresso na redução da pobreza no sudeste asiático.
Enquanto a tentação de retaliar é forte, é essencial que os formuladores de políticas considerem cuidadosamente suas ações. Os parceiros comerciais devem buscar acordos de livre-comércio entre si, já que os EUA representam apenas 13% das importações globais.
Um isolamento econômico pode ser o resultado das políticas de Trump, levando ao sofrimento global, mas alternativas à economia americana ainda são viáveis.