El Salvador vira ‘Cuba da direita’ e ‘modelo Bukele’ oferece poucas lições a países como o Brasil
A popularidade de Nayib Bukele em El Salvador não se traduz em um modelo viável para outros países. As políticas autoritárias e o contexto específico do país levantam dúvidas sobre a eficácia de suas abordagens no combate ao crime.
O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, é visto como ídolo por parte da direita nos EUA e na América Latina.
Pesquisas mostram que Bukele tem mais de 80% de aprovação no país e quase 11 milhões de seguidores no TikTok, superando a população salvadorenha.
Desde sua posse em 2019, ele reduziu drasticamente os homicídios, transformando El Salvador em um dos países mais seguros da região. Ao redor dele, políticos conservadores elogiam seu modelo, mas poucos o replicam de fato.
Contudo, existem cinco razões pelas quais o "modelo Bukele" oferece lições limitadas a outros países:
- Especificidade do Caso: El Salvador tem apenas 6,3 milhões de habitantes. A população carcerária é de 110 mil, a maior taxa do mundo.
- Forças Criminais Mais Poderosas: Milícias no México e Brasil são mais sofisticadas do que as gangues salvadorenhas. Históricos mostram que a "mão de ferro" pode piorar a situação, como no caso do México.
- Desmontagem da Democracia: A rejeição de normas constitucionais por Bukele levanta preocupações. O estado de emergência é quase permanente e constantes perseguições a opositores e jornalistas são relatadas.
- Resultados Questionáveis: A diminuição da taxa de homicídios pode ter sido influenciada por mudanças na contabilização de mortes e negociações com gangues, não apenas por políticas públicas.
- Marketing Político: Bukele é habilidoso em comunicação e sua imagem pode ocultar a realidade. Muitas fotos de presos são manipuladas para criar a percepção de eficácia em seu governo.
El Salvador está se tornando uma "Cuba da direita", com um estado policial e limitações crescentes às liberdades políticas. Líderes de direita hesitam em criticar suas violações de direitos humanos,ografando que, assim como o modelo cubano, o modelo de Bukele provavelmente não será amplamente replicado.