Em primeiro evento público após saída do BC, Campos Neto vê bancos tradicionais em 'disrupção'
Roberto Campos Neto analisa a disrupção financeira provocada por bancos digitais em evento na Universidade de Miami. Ele prevê mudanças significativas no setor bancário em um futuro próximo, impulsionadas pela evolução tecnológica e pelo surgimento de moedas digitais.
Roberto Campos Neto, ex-presidente do Banco Central, fez sua primeira aparição pública após deixar o cargo em 31 de dezembro. Ele participou do evento "Brasil em Transição", promovido pela XP Private Bank e a Miami Herbert Business School, onde falou sobre a transformação financeira e moedas digitais.
Em sua fala, Campos Neto previu que bancos tradicionais serão abalados por bancos de plataformas digitais nos próximos dois anos. Citou Nubank, Mercury e Revolut como exemplos de sucesso no setor.
Ele destacou que os bancos digitais oferecem serviços a um custo muito mais baixo, o que resulta na retenção de clientes. Campos Neto também mencionou que o avanço digital faz com que países emergentes, como o Brasil, estejam mais evoluídos tecnicamente em comparação com os países ricos.
O ex-presidente do BC descreveu essa mudança como "disrupção". Com a implementação do Pix, a parte transacional dos bancos pode perder valor, pois serviços de crédito e débito enfrentam desafios devido ao avanço tecnológico.
Além disso, ele afirmou que plataformas digitais podem facilitar a internacionalização dos sistemas financeiros. Para Campos Neto, a programabilidade do dinheiro, como no caso das CBDC e stablecoins, será fator importante para a disrupção do modelo bancário tradicional.
Ele vislumbra um futuro onde haverá uma única plataforma integrada, permitindo que os usuários gerenciem seus dados de diversas instituições financeiras em um único aplicativo. Campos Neto está autorizado a palestrar desde que não revele informações sigilosas e deverá cumprir quarentena até junho, sem atender ao setor privado.