Emenda para projeto cultural com alunos beneficia escola de samba que homenageou secretária do PT
ONG ligada à secretária do PT de Mulheres é acusada de desvio de verba pública para beneficiar aliados e escola de samba. Denúncias revelam triangulação de recursos e falhas na execução do projeto cultural financiado por emenda parlamentar.
ONG de Anne Moura, do PT, recebe R$ 150 mil em verba pública para projeto cultural, mas apenas uma escola foi atendida até agora. Recursos utilizados para beneficiar aliados políticos e presidente de escola de samba.
A Instituto de Articulação de Juventude da Amazônia (Iaja) recebeu, em 2023, verbas do estado via emenda do deputado Sinésio Campos (PT). O projeto Banzeiro Cultural Kurumim e Kunhatai foi anunciado para dez escolas, mas só uma recebeu atividades.
Documentos demonstram que a ONG gastou parte da verba com empresas ligadas a pessoas próximas à Anne Moura. R$ 22,2 mil foram pagos à empresa de lanches, que transferiu R$ 5 mil para Lilian Cassia de Mello, presidente da escola de samba que homenageou Anne.
Em abril de 2024, a ONG realizou um evento na única escola atendida, onde Anne Moura deu uma palestra ao lado de Lilian Mello. Aline Rocha Ponchet, coordenadora do projeto, que também recebeu dinheiro da empresa de lanches, não soube informar o número exato de escolas atendidas.
A maior parte dos recursos foi destinada à empresa Y Criativa, que subcontratou pessoas próximas à Anne Moura. Documentos revelam que valores foram repassados de forma irregular e que os pagamentos beneficiaram políticos aliados e eventos relacionados ao carnaval.
Marcos Rodrigues, ex-presidente da ONG, admitiu participação em desvios de recursos e formalizou denúncias sobre irregularidades ao governo e à pasta da Cultura. Ele afirma que a maior parte dos recursos foi direcionada para a escola de samba que homenageou Anne Moura.
A Secretaria de Cultura do Amazonas informou que a ONG deve prestar contas até janeiro de 2025. Anne Moura não comentou sobre a utilização dos recursos públicos, mas mencionou que práticas nepotistas levaram à destituição de Marcos Rodrigues.
O deputado Sinésio Campos afirmou que a fiscalização do uso da emenda é de responsabilidade dos órgãos competentes.