Empresas americanas têm novo investidor ativista: Donald Trump
O governo dos EUA tem aumentado sua presença em empresas estratégicas, como a Intel e a U.S. Steel, por meio de aquisições de participação acionária. Especialistas alertam que essas intervenções podem mudar o panorama do capitalismo americano, levantando questões sobre a autonomia do setor privado e as consequências para o mercado.
Empresas americanas estão enfrentando um novo desafio: a intervenção do presidente Donald Trump nas corporações.
Trump tomou medidas como a aquisição de participação na U.S. Steel e pressão pela receita da Nvidia e AMD referente à China. O Pentágono anunciou que assumiria 15% da MP Materials, e a Intel concordou em permitir que o governo adquira 10% de seus negócios, totalizando US$ 8,9 bilhões.
Esses atos marcam uma mudança no sistema de livre mercado dos EUA, que pode se parecer com um capitalismo gerido pelo Estado, mais comum na Europa e na China. A preocupação é generalizada entre as companhias que recebem subsídios do governo.
Enquanto governos anteriores, como o de Obama, também se envolveram temporariamente em empresas, a abordagem de Trump aparece mais agressiva e focada em empresas que não estão em colapso.
A Casa Branca defende que a segurança nacional justifica a participação do governo, especialmente em setores estratégicos.
Além disso, medidas recentes, como a insistência em que a Nvidia e a AMD repassem 15% da receita da China, foram vistas como inéditas. David Sicilia, professor de história, nota que nunca viu os EUA alterarem políticas comerciais visando empresas específicas.
Os acionistas da Intel reagiram positivamente ao investimento, mas a envolvêcia governamental levanta preocupações sobre as decisões de mercado e a proteção dos acionistas.
Evitar exigências de Trump não será fácil. O CHIPS Act, embora não preveja expressamente a participação do governo, contém disposições que podem ser interpretadas como concessão de autoridade.
Estratégias para afastar a mira de Trump incluem reduzir menções a diversidade e inclusão e intensificar contatos com a Casa Branca, como demonstrado pelo CEO do Goldman Sachs.
Especialistas alertam que esse cenário pode prejudicar a competitividade do setor privado e desestimular investimentos em empresas que não tenham a aprovação do governo.