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Empresas de construção sentem dificuldade para obter crédito e lançamentos podem ser afetados

Empresas de incorporação enfrentam desafios crescentes para obter financiamento, com 86% relatando dificuldades. A pesquisa revela uma mudança nas estratégias, com aumento no uso de investidores e recursos próprios em detrimento dos bancos.

Incorporadoras e loteadoras enfrentam dificuldades financeiras para financiar projetos, segundo pesquisa de junho realizada pela consultoria Brain Inteligência Estratégica e a Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), com 160 executivos do setor.

86% dos participantes afirmam que conseguir financiamento está dificultando cada vez mais. A busca por recursos se diversifica:

  • 54% planejam aumentar a tomada com investidores
  • 32% utilizarão o FGTS
  • 34% buscarão o mercado de capitais
  • 24% vão empenhar mais recursos próprios
  • Somente 13% devem recorrer mais aos bancos

As instituições financeiras estão restringindo o acesso ao crédito. Luiz França, presidente da Abrainc, explica que a redução dos recursos da poupança afeta o crédito imobiliário, levando os bancos a priorizar o cliente final. Assim, 53% dos executivos planejam diminuir a tomada de recursos com bancos este ano.

Empresas pequenas, com faturamento até R$ 25 milhões, buscam mais investidores. 74% delas planejam aumentar essa abordagem. Já as empresas maiores, com mais de R$ 500 milhões, procuram o FGTS, principalmente aquelas que atuam no Minha Casa, Minha Vida (MCMV): 47% pretendem usar mais esse recurso.

Apesar de 57% dos executivos nunca terem utilizado o mercado de capitais, 54% consideram-no uma opção válida. 66% das pequenas empresas afirmam nunca ter acionado esse recurso. Os motivos para considerar o uso incluem vantagens e disponibilidade de funding, enquanto os que não consideram citam custos e estratégias como barreiras.

Sobre a taxa de juros, 23% concordam totalmente que é uma barreira para lançamentos, enquanto 55% concordam parcialmente. 47% dizem que as taxas afetam "muito" os lançamentos.

Fábio Araújo, CEO da Brain, afirma que a intenção de compra dos consumidores é maior que o volume de lançamentos, indicando que as taxas estão impactando mais incorporadores do que consumidores. Para 2026, Araújo alerta que pode haver uma queda de lançamentos se a situação não mudar.

A atual Selic em 15% está acima do que o setor considera viável para lançamentos. Os participantes projetam o teto ideal entre:

  • 10% a 12%: 33%
  • 9% a 10%: 25%
  • até 9%: 24%

França defende que a queda dos juros é essencial para resolver o problema do financiamento e confirma que há discussões com o governo e o Banco Central para criar novos recursos para o crédito imobiliário.

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