Endividamento chinês se iguala ao dos EUA e cria problema para o Brasil
Endividamento acentuado nos EUA e na China pressiona juros globais. Aumento das dívidas públicas impacta economias ao redor do mundo, especialmente em países vulneráveis como o Brasil.
Estados Unidos e China, as duas maiores economias do mundo, estão com crescimento explosivo nas dívidas públicas.
Os EUA superam 100% do PIB, enquanto a China atingirá essa marca até o final do ano. Ambas apresentam tendência de alta recente.
Isso pressionará bancos centrais, como o do Brasil, a manter juros elevados para atrair financiadores, já que os dois países estarão sugando dinheiro do mercado.
A Fitch Ratings rebaixou a classificação das dívidas chinesas de "A+" para "A", o que deve aumentar os custos de rolagem de débitos.
Em 2023, a dívida total da China alcançou 93% do PIB, um aumento significativo comparado a 60%% em 2019. A aceleração se deu após estímulos para a demanda interna e a guerra comercial com os EUA.
Os governos regionais da China, dependentes de aluguéis de terrenos, sofreram perdas com a superoferta de imóveis, levando ao aumento do endividamento.
O déficit fiscal chinês deve alcançar 8,5%% do PIB neste ano, superando a média de 6,5%% entre 2020 e 2024.
Nos EUA, a extensão dos cortes de impostos promovidos por Donald Trump pode elevar a dívida pública em 15 pontos percentuais nos próximos anos, de acordo com o Congressional Budget Office.
As estimativas de arrecadação e o financiamento da perda de receitas exigiriam mais emissões de títulos, elevando juros globalmente.
A situação econômica dos EUA também é preocupante, com o crescimento do PIB em dúvida, aumentando a relação dívida/PIB.
Isabelle Mateos y Lago, economista-chefe do BNP Paribas, afirma que a guerra tarifária torna os EUA os maiores perdedores.
Afirma também que o excepcionalismo americano está ameaçado, com os títulos dos EUA sendo cada vez mais questionados.
Ed Parker, da Fitch Ratings, aponta que o mundo entra em uma nova era de endividamento global, com pressões de gastos e uma expectativa de crescimento menor e inflação mais alta nos EUA.
Cathy Hepworth, da PGIM Fixed Income, destaca a importância crescente da China na economia global e as consequências do fim da excepcionalidade americana.