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Envelhecido, Japão convive com idosos mortos em casa por seus cuidadores, muitas vezes um familiar

A crise demográfica no Japão revela um aumento alarmante nos casos de "care killing", onde cuidadores sobrecarregados tiram a vida de idosos e, frequentemente, se suicidam. Com uma população envelhecendo rapidamente e escassez de recursos, o país enfrenta desafios críticos na assistência a essa crescente parcela da população.

O Japão enfrenta uma grave crise demográfica, evidenciada por um fenômeno chamado care killing, onde a cada oito dias uma pessoa idosa é morta por um cuidador, geralmente um familiar, seguido frequentemente de suicídio.

Em 2022, a população do Japão diminuiu em 900 mil pessoas, a maior queda em 74 anos, enquanto a população com 65 anos ou mais aumentou para 36,24 milhões, representando 29,3% da população total.

A pesquisa da professora Etsuko Yuhara identificou 443 mortes entre 2011 e 2021, relacionadas ao esgotamento dos cuidadores. Os principais responsáveis pelas mortes são:

  • Filhos adultos: 55,8%
  • Cônjuges: 23,6%
  • Genros ou noras: 12,6%
  • Outros familiares: 8%

Cerca de 5,5 milhões de japoneses necessitam de assistência diária, mas 30% dos cuidadores têm mais de 70 anos. Até 2040, será necessário um aumento na força de trabalho no setor, de 2,74 milhões de profissionais.

Casos recentes incluem um homem de 77 anos que matou sua irmã de 81 e Hiroshi Fujiwara, de 81 anos, condenado por matar sua esposa cadeirante. Etsuko afirma que muitos crimes resultam do esgotamento total e da falta de apoio.

Visando suprir a carência de mão de obra, o Japão tem incentivado a entrada de estrangeiros no setor. A cuidadora Joana Cândida, do Brasil, destaca as dificuldades, mas também a satisfação de aliviar o peso dos cuidadores domiciliares.

Entre famílias brasileiras no Japão, há quem traga os pais idosos para viver junto. Exemplos incluem Mieko Takahashi e Selma Uezu, que enfrentam desafios para cuidar de seus familiares, como a instalação de câmeras para monitoramento.

A solidão também é alarmante, com 76.020 mortes solitárias em 2024, das quais 76,4% tinham mais de 65 anos. A maior parte dos corpos foi encontrada após um mês. Tanto o care killing quanto a morte solitária representam uma triste realidade de um Japão que envelhece e ainda luta por soluções.

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