Espionagem do Brasil abre velhas feridas, diz presidente do Paraguai
Peña lamenta a reabertura de antigas feridas históricas entre Brasil e Paraguai e destaca a importância de construir uma relação amistosa. Ele também critica a espionagem em meio a negociações sensíveis sobre o tratado da usina de Itaipu.
Presidente do Paraguai, Santiago Peña, comentou sobre a espionagem brasileira, afirmando que a ação "abre velhas feridas" entre os dois países. A declaração foi feita em uma entrevista à Rádio Mitre argentina.
Peña destacou que a história do Paraguai é marcada por conflitos, como a Guerra da Tríplice Aliança, onde o Brasil ocupou território paraguaio por quase uma década. Ele lamentou que episódios como este reabram ressentimentos passados, que o Paraguai tenta superar.
Essa é a primeira vez que o presidente paraguaio se pronuncia sobre a ação da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que, segundo o governo Lula, foi planejada durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL) e descontinuada assim que Lula tomou conhecimento.
Peña apoiou a posição do seu chanceler, Rubén Ramírez Lezcano, enfatizando que a questão deve ser vista como um problema entre países, não entre governos. Ele expressou preocupação com a relação bilateral, desejando um Mercosul mais forte.
A espionagem ocorreu durante negociações sobre o tratado da usina de Itaipu, e após a revelação, o Paraguai suspendeu discussões sobre o Anexo C do tratado. Peña alegou que a operação de espionagem tinha como objetivo influenciar as negociações tarifárias, que resultaram em pressões sobre o Paraguai.
O governo Lula, por outro lado, afirmou que a ação de espionagem foi planejada em junho de 2022 e é vista pelos brasileiros como uma resposta do governo paraguaio às revelações, buscando uma posição mais favorável nas negociações.