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Estupro de quase 1 milhão de alemãs no final da Segunda Guerra revela lado oculto da vitória contra nazistas

Historiadoras revelam um passado sombrio de estupros em massa cometidos por tropas aliadas na Alemanha pós-guerra. As novas pesquisas buscam dar voz às cerca de 870 mil mulheres vítimas desses crimes, até então ignoradas.

A historiadora alemã Miriam Gebhardt estima que cerca de 870 mil mulheres alemãs foram vítimas de estupro durante a Segunda Guerra Mundial e a ocupação.

Os estupros foram cometidos por tropas soviéticas (50%), norte-americanas (25%) e ainda por forças francesas, belgas e britânicas.

Esse crime em massa era amplamente ignorado até os anos 2010. Pesquisas recentes revelam que, embora os soviéticos sejam os principais responsáveis, os abusos ocorriam de forma ampla entre diversas tropas.

Uma jornalista, no diário Uma Mulher em Berlim, descreve soldados estuprando mulheres repetidamente em 1945. Algumas mulheres tentavam se identificar entre os estupradores na esperança de encontrar um que fosse menos violento.

Embora o alto comando soviético proibisse oficialmente os estupros, a ordem era ignorada pelos soldados. O general Stálin temia revoltas civis como consequência dos abusos.

Os soldados norte-americanos foram instruídos a evitar a confraternização com a população civil, mas estuprar já era uma realidade em outros territórios. Proxenetismo de prostitutas para atender à demanda sexual dos soldados aumentou, com muitas delas enfrentando doenças.

As punições geralmente recaíam sobre soldados negros, frequentemente usados como bodes expiatórios. Na Alemanha, a impunidade era maior, pois a polícia local não tinha autoridade sobre os militares ocupantes.

Bebês resultantes de estupros enfrentavam dificuldades de imigração para os EUA, enquanto as crianças nascidas dessas relações estavam frequentemente longe da Europa.

A imagem do soldado colonial como estuprador se consolidou, especialmente as tropas africanas francesas, que deixaram um rastro de violência sexual. O termo marocchinate surgiu na Itália para designar esses casos.

Após a guerra, as vítimas foram silenciadas e rotuladas como prostitutas ou desprezadas com apelidos degradantes. Os soldados afirmavam seu domínio ao controlar o corpo das mulheres derrotadas, o que levou muitas a reprimir seus traumas.

O aborto foi temporariamente permitido para prevenir gestações indesejadas, mas muitos crimes permanecem subestimados. Pesquisadores atuais buscam expor esses fatos à sociedade.

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