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'EUA não são mais um país confiável', diz Paul Krugman, prêmio Nobel de Economia

Krugman critica a nova postura comercial dos EUA sob Trump, alertando para um futuro incerto nas relações globais. Apesar das incertezas, ele não prevê uma crise generalizada, mas uma possível desintegração da globalização promovida pelos Estados Unidos.

Paul Krugman, economista e vencedor do prêmio Nobel, afirmou que os Estados Unidos já não são confiáveis como maior mercado financeiro do mundo. Ele apresentou essa análise no Anbima Summit.

Krugman destacou que medidas econômicas tomadas pelo ex-presidente Donald Trump geraram um nível inédito de insegurança na economia global. Em sua visão, antes da era Trump, a economia estava em um momento de calmaria, ainda se recuperando da pandemia de Covid-19.

A estrutura política dos EUA funcionava bem até a eleição de Trump. O economista criticou a postura “personalista” do presidente, que rompeu com regras comerciais previamente estabelecidas. Ele ressaltou que, mesmo sem um mecanismo coercitivo, as normas adotadas pela OMC garantiam algum nível de estabilidade no comércio global.

Krugman observou que as tarifas de importação aumentaram drasticamente durante a administração Trump, passando de 3% para 17%. Essa é a maior taxa desde 1936, enquanto a dependência da economia americana por importações cresceu significativamente.

Apesar da situação, Krugman acredita que as medidas não provocarão uma crise generalizada. Economias afetadas poderão se reorganizar e criar novos circuitos de comércio. No entanto, isso poderia resultar em um isolamento dos EUA.

Segundo Krugman, a continuidade dessas políticas pode reduzir o comércio americano com outros países em 50%, revertendo décadas de globalização. Atualmente, os EUA detêm cerca de 25% da economia global e competem diretamente com China e União Europeia.

Ele prevê que a guerra tarifária terá efeitos limitados nos outros países, que manterão suas tarifas de acordo com as regras antigas. Isso pode tornar as relações comerciais mais pacíficas. Krugman também alertou sobre possíveis picos de inflação no mercado interno dos EUA.

Outro ponto destacado foi a estranheza do funcionamento financeiro americano. O dólar, tradicionalmente considerado um ativo seguro, está se enfraquecendo mesmo com o aumento das taxas dos títulos do Tesouro.

Por fim, Krugman comentou que, embora a crise nos EUA impacte o cenário econômico mundial, o Brasil tem uma exposição pequena à crise americana, pois seu principal comércio se dá com a China e a União Europeia.

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