‘EUA pegaram pesado com o Brasil. Não vejo aonde querem chegar’, diz Arminio Fraga
Arminio Fraga destaca que os problemas internos, como a situação fiscal e os altos juros, são os principais obstáculos ao crescimento do Brasil. Apesar do tarifaço dos EUA, ele acredita que há espaço para negociações que poderiam beneficiar o país.
Arminio Fraga, economista e ex-presidente do Banco Central, avaliou em entrevista ao GLOBO que o tarifaço de 50% imposto pelos EUA deve afetar o PIB do Brasil, mas que os principais problemas do crescimento são internos.
Fraga mencionou questões como: situação fiscal, juros altos, corrupção e segurança que precisam ser resolvidas. Ele destacou a necessidade de se considerar a frágil situação fiscal na elaboração de um pacote de socorro às empresas.
Embora as medidas dos EUA pareçam severas, Fraga vê oportunidades de negociação com a administração de Trump. Ele considera o Pix um "espetáculo" e afirma que não há espaço para negociação nesse ponto.
Fraga disse que o Brasil deve aproveitar a situação para retomar negociações comerciais, especialmente com a Europa e dentro do Mercosul. Contudo, ele alertou que o Brasil tem sido historicamente um país protegido e que agora deve mudar essa postura.
Sobre as exigências políticas de Trump, Fraga se mostrou preocupado, citando o impacto de casos como o mensalão e petrolão na credibilidade do Brasil. Ele ressaltou a importância de respeitar o processo legal e não repetir erros do passado.
Fraga acredita que o pacote de socorro do governo deve ser cauteloso, dado o alto nível de juros e a necessidade de um controle fiscal rigoroso. O impacto do tarifaço no PIB deverá ser setorial e muito mais influenciado por problemas internos do que externos.
Finalizando, ele afirmou que o Brasil precisa melhorar sua produtividade e aumentar os investimentos para um crescimento mais sustentável e justo.