EUA planejam amenizar críticas sobre direitos humanos em El Salvador, Israel e Rússia
Rascunhos dos relatórios anuais de direitos humanos do Departamento de Estado revelam uma mudança significativa na abordagem do governo Trump, minimizando críticas a países com histórico de abusos. As edições eliminam referências a abusos específicos, incluindo violências contra populações LGBTQIA+ e corrupção governamental, refletindo uma nova estratégia na promoção dos direitos humanos.
Rascunhos vazados dos relatórios anuais de direitos humanos do Departamento de Estado americano indicam que o governo de Donald Trump planeja reduzir críticas a países com históricos de abusos.
Documentos analisados pelo The Washington Post para El Salvador, Israel e Rússia são mais curtos e eliminam referências a indivíduos LGBTQIA+, além de suavizar descrições de abusos.
O rascunho sobre El Salvador afirma que o país não teve "relatos credíveis de abusos significativos de direitos humanos" em 2024, contrariando o relatório anterior que documentou assassinatos, tortura e condições prisionais desumanas.
As diretrizes internas do Departamento de Estado pedem para reduzir os relatórios ao mínimo exigido e omitir referências a corrupção e violência, incluindo em relação a LGBTQIA+.
Os relatórios, que devem ser entregues ao Congresso até fevereiro, ainda não foram divulgados. Rascunhos estão marcados como "finalizados" e "verificação de qualidade".
A orientação interna foi escrita por Samuel Samson, um político de Trump, que criticou publicamente as atuais práticas da Europa sobre direitos humanos. Os rascunhos apresentados minimizam abusos históricos e mudam a linguagem em comparação com os relatórios anteriores.
Por exemplo, o rascunho para Israel possui apenas 25 páginas em comparação com mais de 100 páginas no relatório anterior do governo Biden.
No contexto de El Salvador, o governo Trump está **reduzindo** a narrativa de violência prisional, apesar de relatos de espancamentos a deportados. Similarmente, a questão da corrupção na Israel não é abordada nos novos rascunhos.
As embaixadas de El Salvador, Israel e Rússia não comentaram sobre os rascunhos. Críticos apontam para uma "omissão gritante" quanto à violência de gênero e contra LGBTQIA+, destacando a proibição de organizações LGBTQIA+ na Rússia.
Marco Rubio, secretário de Estado, tem sido criticado por não defender de forma consistente os direitos humanos. Ele, no entanto, destacou a importância de direitos humanos na política externa dos EUA.
A mudança na política dos EUA quanto aos direitos humanos e à promoção da democracia foi notada, com novas diretrizes evitando comentários sobre eleições em outros países, a menos que haja um “interesse claro” dos EUA.
Recentemente, o governo Trump intensificou sanções contra Alexandre de Moraes, ministro do STF brasileiro, utilizando a Lei Magnitsky. Moraes, por sua vez, afirmou que não cederá a pressões externas.