EUA usam investigação caso lei econômica não sirva para taxar Brasil, diz diretor da Eurasia
Investigação dos EUA visa práticas comerciais do Brasil enquanto o governo Trump avalia alternativas à taxação de 50%. Especialistas acreditam que o processo pode facilitar negociações, mas pode demorar até seis meses.
Nova York - O diretor da Eurasia para as Américas, Christopher Garman, analisa a abertura de uma investigação comercial contra o Brasil como uma estratégia do governo Trump. Ele destaca que isso ocorre caso a utilização da Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional (IEEPA) para taxar o Brasil em 50% não seja válida.
A investigação foi anunciada na noite de terça-feira, 15, pelo Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR). Essa ação segue as ameaças de taxação a partir de 1º de agosto.
Segundo Garman, a investigação pode facilitar a negociação, que, no entanto, deve levar cerca de seis meses. Ele afirma que é mais fácil negociar tarifas do que uma taxação linear de 50%.
A investigação buscará entender se práticas do governo brasileiro são “irracionais ou discriminatórias” e comprometem o comércio dos EUA. Os focos incluem:
- Comércio digital e serviços de pagamento eletrônico
- Tarifas preferenciais injustas
- Medidas anticorrupção
- Proteção da propriedade intelectual
- Acesso ao mercado de etanol
- Combate ao desmatamento ilegal
Garman observa que alguns alvos da investigação podem não ser bem vistos pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A questão ambiental é especialmente sensível, dado que os EUA alegam que o Brasil falha em aplicar normas que afetariam a competitividade de produtos americanos.
Por fim, Garman conclui que os EUA estão usando a questão do desmatamento como justificativa para taxar a madeira brasileira, apesar da falta de credenciamento ambiental do governo Trump.