Evidências de fadiga de material
Debate revela que as dificuldades do Executivo no Congresso têm raízes estruturais e conjunturais. Especialistas alertam que a fragilidade da coalizão política e a polarização atual comprometem a governabilidade e a aprovação de reformas essenciais.
Cientistas políticos analisam as dificuldades do Executivo no Congresso, focando no impasse dos decretos do IOF. O debate é crucial, pois dificuldades estruturais exigirão mais esforço para serem superadas do que as conjunturais.
Segundo especialistas, as dificuldades estruturais incluem a grande disponibilidade de recursos do Orçamento, como as emendas parlamentares (R$ 61,7 bilhões em 2025), que crescem e representam cerca de 25% das despesas discricionárias, em comparação com 2% em 2015.
Hélio Tollini e Marcos Mendes mostram que, em 11 países analisados, as emendas são apenas uma pequena parcela das despesas e precisam ter sua fonte de recursos indicada.
Para Sérgio Abranches, o volume elevado de recursos torna desnecessária a lealdade dos parlamentares, afetando o funcionamento do presidencialismo de coalizão.
Os desafios fiscais, como reformas da previdência e redução de benefícios tributários, complicam a conquista de apoio no Congresso, enquanto grupos organizados pressionam os parlamentares.
Na análise conjuntural, Carlos Pereira critica Lula por não ter compartilhado o poder com os partidos, resultando em uma base fragmentada e no enfraquecimento do governo no Congresso.
A atual tensão entre os Poderes e o clima pré-eleitoral, com baixa aprovação do governo, alimentam discursos antagonistas entre ricos e pobres, dificultando soluções consensuais e fortalecendo o centrão.
Fatores estruturais e conjunturais se retroalimentam: o Congresso ganha espaço à medida que o governo se enfraquece, aumentando a dificuldade para aprovação de reformas.
Um possível cenário de alternância em 2026 pode oferecer margem de manobra, mas os fatores estruturais ainda demandarão grande esforço político para apoio no parlamento.
No caso de reeleição do PT, os desafios conjunturais serão mais persistentes, e a desconfiança mútua entre governo e Congresso dificultará a articulação.
Embora a disputa tenha elevado a aprovação governamental para 47,3%, o impacto nas urnas pode ser limitado, visto que o Congresso já tem uma baixa avaliação. A fadiga de material é clara, levantando a questão: qual será o espaço para conserto?